terça-feira, 31 de julho de 2012

REFLEXÕES EM ALMODÓVAR



Como já disse em outros momentos aqui, Cinema é uma arte que me causa profundas reflexões e deve ser por isso que não consigo ver a maioria dos filmes dos circuitos comerciais e de propaganda, sinto uma inquietude que não consigo ficar nem na sala de cinema, sou daquele tipo que vê filme para discutir depois, analisar a fotografia, o estilo do diretor. Cinema não é somente passa tempo. 


Por fugir a estética tradicional, típica de Hollywood, é que sempre fui ligada a Almodóvar, e considero o filme Fale com Ela uma redenção aos excessos anteriores do Diretor. Passados 10 anos do seu lançamento comprei uma cópia em DVD e vi coisas que não tinha percebido anteriormente. O filme foge dos personagens drogados, selvagens e estranhos.


Almodóvar se dedicou a sutileza do mistério, da leitura da mente humana, do amor e de como o homem está dentro das prisões espirituais, físicas e como no filme reais. A trama está centrada em duas mulheres em coma: Alicia, uma bailarina, e Lydia, uma toureira. A cuidar da primeira está o patético Benigno que no início se mostra um zeloso namorado, mas depois se revela um obsessivo macabro que na verdade só conheceu Alycia ao vê-la em coma.


A história de amor vira quase terror, mas também é uma história de lealdade, como do amante de Lydia Marco, e de empatia como nos pede Almodóvar, pela loucura amorosa de Benigno. Uma coisa que eu não tinha conseguido perceber quando vi o filme há dez anos é a centralidade em que o corpo humano é colocado, como um espaço de beleza privilegiado.




Além de provocar reflexões, o filme me colocou em convivência com a cultura espanhola. Por isso é que valeu muito ter revisto Fale com Ela dez anos após o seu lançamento. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

VAMOS CUIDAR DO AMOR




            Possuir um amor! Amar! Ser dono de um carinho é como ter constantemente o sol irradiando a alma é a imensa alegria de voar sobre a terra e a arte de andar até as nuvens. É o dom de tornar suave àquilo que é mais duro. É a capacidade de clarear os nossos deveres.


            Nossa existência converte em luz o que existir de mais opaco, e nos alivia do que está dentro e fora de nós mesmas. O amor concilia tudo, e usamos toda nossa energia, material e espiritual nesse grande e profundo bem.


            Quantas vidas são capazes de renascer por amor, quantas ilusões se criam. Cuidemos muito bem do amor que possuímos se ele nasce da menor coisa, também se esvai com facilidade, às vezes a falta de um carinho, outras basta uma simples corrente de ar...


segunda-feira, 23 de julho de 2012

MARC FERREZ E A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE BRASILIDADE



            Tenho um interesse especial pelo Brasil do século 19, período que considero responsável pela consolidação da nossa cultura e pela nossa formação enquanto nação. É um Brasil que poderia se tornar menos distante através da circulação e da visualização de suas imagens. Apresentadas em exposições as fotografias representavam um elo entre as províncias que iam se ligando no imaginário social como nação.




            Marc Ferrez trabalhou a serviço de diversas instituições do Império. Percorreu o Brasil acompanhando o cotidiano de fazendas de cana de açúcar e café, minas de ouro, construção das primeiras estradas de ferro e transformações urbanas. Esse Brasil formado através das suas lentes mostra um país rico em sua natureza e próspero em sua indústria. Nas fotografias a imagem agrega em vez de separar, e expõem o Rio de Janeiro como principal cartão postal do país, mostram também tipos humanos como escravos e uma série feita com os índios botocudos.





O que se ver em suas fotografias é a imagem de um Brasil ao mesmo tempo exuberante e engajado com o projeto de civilização. É aí que se lançam as bases para que as diversas províncias pudessem criar uma identificação comum e um sentimento nacional. O certo é que as fotografias de Marc Ferrez são partes das estratégias discursivas para formar a noção de uma brasilidade partir das imagens construídas sobre a nação. Por isso vale muito rever e analisar essas imagens.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

PARA PODER FALAR




            Já fui de calar sobre o que eu sentia, sofria muito, e é por isso que hoje sou de falar, embora de forma ainda contida, mas falo e nem compactuo mais com aquele tipo de silêncio que é capaz de prejudicar.

            Para a sociedade, onde o ideal é a “boa convivência”, falar o que se sente pode ser visto como uma fraqueza. Ao passo que a absoluta sinceridade é capaz de vulnerabilizar quem assim se posiciona. Perde-se o mistério e a pessoa fica exposta e essa exposição não agrada a ninguém nem nos atrai.


            Se a verdade pode ser perturbadora para quem fala, é libertadora para quem escuta. Todas as dúvidas clareiam e a sensação que se tem é de que finalmente ele sabe. Acredito que a maioria das relações entre familiares, amantes ou amigos, se amparam em mentiras parciais e verdades pela metade. Parece que só conseguimos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo, ou ao menos se não souberem o essencial.



            Sem a verdade “nua e crua” através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta frágil. Em vez de uma vida a dois passa-se a ter uma sobrevida a dois. Deixar o outro inseguro é uma forma de prendê-lo a nós.



            Economizamos o eu te perdoo eu te compreendo eu te aceito como és, e o nosso mais sincero eu te amo. Hoje vejo que mais do que mentiras o silêncio é uma arma mortal do relacionamento entre as pessoas. Feliz dia do amigo, para quem me ouviu e para quem eu me calei. 


quinta-feira, 19 de julho de 2012

REFLEXÕES SOBRE O CASAMENTO



            Existem muitas receitas para ter um casamento feliz, mas também existem receitas para bolos, tortas e pudins. Os ingredientes variam apenas brevemente, para que a uniformidade se transforme em rotina.  A receita para o sucesso de um casamento tem como pontos principais dois ingredientes: o desejo de acertar e a noção falsa de felicidade.


            Os  recém casados que desejam sinceramente acertar, fazendo concessões razoáveis e não procurando medir o que dão na mesma medida do que recebem, tem um ponto muito importante a seu favor e poderão dizer que a batalha está meio ganha.



            O segundo é um conceito mais arraigado: a falsa noção de felicidade. A maioria das pessoas está convencida que a felicidade entra em nosso coração por pura sorte, ou acaso, que não precisa de nenhum esforço de nossa parte e que se não casarmos com o homem ou a mulher do nosso destino não seremos felizes.  


            Tudo isso não passa de preconceito, ideias repetidas vezes sem conta, que acabam por receber guarida em nosso coração. A felicidade, para ser conseguida, precisa ser duramente perseguida, atraída por milhares de meios e modos. Nada de sentar-se à espera que ela nos chame. Nós é quem devemos chamar a felicidade com um vida ordeira, de objetivo equilibrado e razoável, com uma dose de sacrifício, e o coração cheio de otimismo. 

terça-feira, 17 de julho de 2012

É BONITA QUEM É FELIZ




Ontem encontrei uma amiga, muito bonita e alegre, que já passou dos sessenta anos e comecei a pensar que é preciso se sentir bem, para está bem.

 As pessoas que gostam do sofrimento de sentir-se infelizes e fazer os outros infelizes, jamais poderão orgulhar-se de sua beleza. O mau humor o sentimento de frustração, a amargura cavam sulcos nos olhos, na pele da mais jovem, enfeiam qualquer rosto. Essa é a razão para que a mulher que busca a beleza deve esforçar-se para ser feliz. Felicidade é estado de alma, é atmosfera interior, não depende de fatos nem de circunstancias externas.


É natural se o dinheiro falta, se a saúde falha, se o amor arma uma cilada, o desejo de rir será pouco. Deve-se combater o enraizamento de qualquer mau pensamento ou energia ruim.  O ideal é manter o bom humor, como quem cultiva um bom hábito e o esforço para ser alegre. Só com esse esforço é possível afastar os sentimentos mesquinhos que provocam o despeito, a inveja, o sentimento de fracasso que dão origem a infelicidade.


O ideal para mim é adotar uma filosofia otimista e se esforçar para ser feliz.  Assim será possível e o milagre poderá ser visto no rosto e nos olhos que adquirirão vivacidade, a pele se tornará mais radiante e a pessoa em si irá aparentar um ar mais jovem.



Com o estado de felicidade íntima, a juventude permanecerá daí vejo que é preciso ser feliz para ser bonita. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

DIVAGAÇÕES DE UMA SEGUNDA FEIRA




Depois de algumas indagações e reflexões sobre o cosmos, cheguei a várias conclusões banais e até mesmo óbvias (o bom do óbvio é que nos garante alguma verdade). O infinito não é uma abstração, mas algo que realmente existe. Acredito que nossas referências são tão limitadas que não somos capazes de compreender o mundo, senão a base de finitos. Pensando no cosmos cheguei a humilde conclusão de que Deus é o infinito. E daí percebi o quão pouco eu sabia e isso me causou esperança e grande alegria. O tão pouco que entendo da vida me dá a esperança de saber e aprender mais.


O que existe de beleza nesse infinito é que procurei e não encontrei um adjetivo qualquer que pudesse defini-lo. Ele é apenas isso, é. Em relação a ele falar em grande, simplesmente a partir do conceito que temos disso é pouco. O pouco que sei não dá para qualifica-lo, não encontrei nada capaz de exprimir o que poderia ser esse infinito.


E o que é o absoluto? Para mim é de uma beleza impossível de ser descrita. Nós buscamos essa beleza, e ela é o nosso elo com o infinito e por consequência com Deus. O infinito é um vir a ser é sempre o presente, indivisível pelo tempo. É uma pena eu entender pouco de física e de matemática e não ser capaz de demonstrar o vocabulário adequado para expressar o que sinto nesse momento.


O interessante é a criatividade do homem que dividiu o tempo em estações, anos e séculos. Diante da nossa incapacidade trazemos o infinito até a nossa consciência e o simplificamos em forma humana. Nós não conseguimos pensar no existo, sem usar como referencia nossa individualidade e visão de mundo, daí reside a nossa imensurável limitação.


E assim começa mais uma semana...

domingo, 15 de julho de 2012

APRENDENDO A VIVER




            Sempre procurei entender como certas pessoas poupam de modo excessivo pensando num futuro longínquo. Acho que ser previdente e pensar um pouco no futuro é certo, mas o primordial é procurar melhorar o momento presente. Estamos vivos agora. Para que juntar tesouros que irão se decompor?




            Não devemos sacrificar inteiramente o dia de hoje pelo dia de amanhã. Se você se sente infeliz agora, resolva agora, porque é nesse momento específico que você existe.




            Se pararmos para fazer uma auto avaliação encontraremos milhares de agoras que deixamos de fazer. O lamentável é que os agoras perdidos não têm como ser recuperados. O pior é que há momentos na vida que o arrependimento é profundo e corresponde a uma grande dor, por aquilo que poderíamos ter sido. Acredito que o importante é fazer agora o que é melhor para cada um de nós.



            Penso naqueles que gastam muito tempo estudando a vida que nunca chegam a ter. É só quando esquecemos o que sabemos que começamos efetivamente, a saber.



            O medo é a principal causa dos nossos fracassos presentes. E pior que isso são as opiniões que temos de nós mesmos. A opinião dos outros significa muito pouco, perto daquela que fazemos de nós mesmos. Acho que as pessoas que mais sofrem são aquelas cheias de segurança aparente, porque se julgam muito mal.

            O medo cria uma covardia desnecessária. O melhor antídoto para isso é abandonar o grave julgamento que fazemos de nós mesmos. Vamos correr riscos, eles trazem movimento e nos encorajam para a vida. O caminho é começar a abandonar o nosso egoísmo exacerbado e fazer o melhor para nós pela simples alegria que é viver. 

sábado, 14 de julho de 2012

SOBRE O AMOR



Hoje me peguei pensando na força do amor, de como esse sentimento é capaz de estimular a vida. Hoje em dia falar de amor tornou-se meio piegas, coisa antiga. O que prevalece é a paixão, sentimentos passageiros, daqueles que fazem barulho, provocam choradeiras, causam dilaceramentos. Ao que parece é mais fácil viver no frenesi do que na neutralidade. Como diria Baumann um sociólogo dos novos tempos, vivemos num mundo onde impera a condição de liquidez, ou seja, tudo passa muito rápido e o que impera é a novidade.


Mas, o certo é que não existe nada mais vigoroso do que o amor, esse sentimento que costumamos confundir com um estado morno e de acomodação. Quem pode vir a se tornar morno e acomodado é o casamento, o amor, apenas injustamente pega carona na situação.



Amor não é apenas aquilo que aproxima os enamorados. Amor envolve pais, filhos, amigos. Está relacionado à predisposição emocional para o trabalho, esporte, gastronomia, religião, artes, natureza, autoconhecimento.


Amor é um estado de espírito que move constantemente a maioria das nossas ações, é o que nos faz construir o nosso cotidiano, e nos impede de nos tornamos meros autômatos da vida. Se esse texto parecer piegas, não tem problema, porque, as grandes dificuldades da vida como a ausência de um ente querido, uma separação, uma enfermidade, o risco eminente da morte ou a perda de um trabalho só podem ser superadas com a força motivacional do amor.


Assim sendo, está tudo certo em parecer cafona. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

PORQUE GOSTO DO NOEL ROSA




Não sou contemporânea nas minhas preferências em relação à música e a outros temas relacionados à arte. Da música brasileira tenho um interesse especial pela música dos anos 1930, que para mim foi à geração responsável definitivamente pela introdução do Modernismo na nossa música rompendo com músicas de estilo parnasiano que existiam anteriormente. E a obra de Noel é uma prova disso ao fazer um novo estilo, construindo letras críticas, nacionalistas e irônicas. Ele vai abraçar o samba e executa-lo entre os anos 1929 até perto de sua morte em 1937.



Como um arguto observador da cidade onde morou, analisa as máximas da civilização e as ironiza. Como um típico cronista traz para o texto a simplicidade e brevidade, o cotidiano dos cariocas seus hábitos e problemas. Trata a cidade do Rio de Janeiro de forma íntima e familiar.  Na música conversa de botequim, percebe-se uma crônica perfeita de um bar e alguns costumes dos anos 1930 e 1920.

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol.




                O somatório de quase 300 músicas onde pontos se interligam e dão unidade ao conjunto constituem uma obra de grande envergadura. O samba ocupa lugar central no seu trabalho, onde ele usou toda a sua bossa, ajudando a dar formato quando define primeira, segunda, terceira parte e refrão.  Como em Com que Roupa eu vou: em que aparece o refrão.

Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?





            A obra de Noel se situa dentro de uma visão antropocêntrica fazendo emergir o discurso do outro na sua produção. Outra questão importante é o forte sentido nacionalista do seu trabalho, em que empreendia críticas ao estrangeirismo como podemos ver na música, Tarzan: o filho do alfaiate. Quando o filme do Tarzan chegou ao cinema os rapazes procuraram as academias em busca de músculos e o samba é uma crítica a isso.

Quem foi que disse que eu era forte?
Nunca pratiquei esporte, nem conheço futebol...
O meu parceiro sempre foi o travesseiro
E eu passo o ano inteiro sem ver um raio de sol
A minha força bruta reside
Em um clássico cabide, já cansado de sofrer
Minha armadura é de casimira dura
Que me dá musculatura, mas que pesa e faz doer.





             Outra coisa que gosto, e me identifico, é o romantismo de Noel, porque, este não apresenta grandes sofrimentos, sentimentalismos, ornamentações nem choros, a sua sensação de mal estar do mundo é fluídica e poética como nesse trecho da antológica o Último Desejo:

Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão (..)
            Noel é um cronista diferente que vem construir a história com o que sobrou do dia a dia. Produziu músicas de valor considerável e viveu delas, projetando seu nome para o mercado através do rádio. A música se constitui como porta voz, dos novos tempos, desse novo mundo imediatista que situa novos valores e perspectivas. Seus versos eternizam coisas e personagens do dia a dia. Como um cineasta ele vai juntando os cacos da “vida como ela é” como disse Nelson Rodrigues.


            O mais interessante de tudo isso é que a obra de Noel serve de paradigma para à música brasileira, vai atravessando décadas e influenciado compositores. Inegavelmente ele foi responsável por transformar o samba em gênero musical de primeira grandeza. Tratou os cariocas de forma tão íntima que foi capaz de contribuir substancialmente para a criação da imagem que temos deles no nosso imaginário coletivo. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

LADRÃO DE CASACA: O CHARMOSO FILME DE HITCHCOCK



                Sou assumidamente fã de filmes antigos, particularmente os filmes da década de 1950, considerada a época de ouro do cinema de Hollywood. Embora não figure nas listas das obras primas de Alfred Hitchcock Ladrão de Casaca, de 1955 é um excelente filme, com várias das marcas registradas do mestre do suspense. Mas uma vez, Hitchcock vai se debruçar com um dos seus temas preferidos, o de um homem sendo procurado por um crime que não cometeu. Nesse caso, o homem é John Robie um antigo ladrão de joias americano conhecido como The Cat, que vive sossegado em sua bela mansão na Riviera Francesa até que uma nova onda de roubos de joias começa a tomar conta da região e as suspeitas recaem sobre ele.


      Logo de início temos uma perseguição sobre as belas curvas sinuosas da Côte D’Azur, as cenas tornam-se ainda mais fantásticas graças às tomadas aéreas feitas de um helicóptero, o que não era comum para a época. Hitchcock também tempera o filme com outras características que são típicas de sua obra, como ele próprio aparecer no filme, ou quando fala de receitas e comidas.



            Outro aspecto interessante é o romance vivido por Kary Grant e Grace Kelly, que mesmo num filme de suspense assume importante papel. Francis sua personagem ocupa boa parte da trama, desde que ela aparece pela primeira vez em cena é impossível não ficar hipnotizado com seu charme e elegância. A filmagem no formato Vista Vision equivalente ao Cinemascope, figurinos impecáveis desenhados por Edith Head e os diálogos cheios de malícia entre ela e Kary Grant, marcaram a sua  última parceria com Hitchcock. Logo após ela se tornaria Princesa de Mônaco e abandonaria o cinema.



            Quis o destino que Grace Kelly morresse em 1982 na mesma estrada em que aparece dirigindo o seu carro conversível em algumas cenas do filme. A minha sorte de ter a oportunidade de conhecer e procurar entender o filme, é o grande trunfo do cinema que tem a capacidade de imortalizar ícones no auge de seu talento e beleza, e possibilitar que outras gerações conheçam o que foi produzido. Pelo charme da Riviera Francesa e dos atores, do romantismo da trama e da expectativa que Hitchcock provocou em mim para decifrar o enigma do filme é que o tenho na minha lista de melhores do cinema.