segunda-feira, 9 de julho de 2012

A EVOLUÇÃO DA COZINHA BRASILEIRA.



Hoje abrimos a geladeira e encontramos alimentos já previamente processados e cortados, o uso do gás e do micro-ondas deixa as refeições prontas em poucos minutos. Vamos pensar no preparo das refeições há mais ou menos 400 anos atrás. A cozinheira tinha que correr atrás da galinha que ficava no terreiro, depois tinha que matar; depenar e limpar as vísceras. Depois tinha que acender a fogueira, se agachar e começar a preparar o alimento do fundo do quintal. Assim é que funcionavam as primeiras cozinhas brasileiras.

            Os hábitos trazidos pelos portugueses, como utensílios para o preparo dos alimentos e a instalação da chaminé, foram sendo abandonados e o jeito indígena de cozinhar foi sendo aos poucos incorporado. A índia foi à primeira empregada doméstica brasileira, numa época de carência de mulheres brancas, e sempre que ela podia resistia aos costumes do colonizador e impunha o seu. Para cozinhar usar a trempe, três pedras colocadas diretamente sobre o chão. Para assar usavam o jirau. Segundo Câmara Cascudo, em História da Alimentação no Brasil, os indígenas e escravos incorporaram o design português e passaram a esculpir os utensílios de argila no formato de potes, panelas e moringas trazidas pelo colonizador.


            Após séculos de mesmice, a cozinha experimentou um salto de desenvolvimento na segunda metade do século XIX. E começou a se parecer, com o ambiente que conhecemos hoje. As inovações da Revolução Industrial, financiadas pelo dinheiro do café, da borracha e do açúcar, facilitaram a vida e mudaram a rotina dos cozinheiros. As donas de casa continuavam longe do fogão, a área de serviço permanecia para as serviçais no fundo do quintal. Com a construção da rede de abastecimento de água em 1876, acabou de vez a obrigação de buscar água no chafariz e não havia mais desculpas para sujeira. O gás chegou às cozinhas em 1901, com fogões importados. Até o século XVIII comer com a mão era uma prática aceitável socialmente e o uso do garfo e faca só “pegou” em meados do século XIX.


            A popularização da eletricidade, nos primórdios do século XX, transformou radicalmente a cozinha. Em poucos anos, um arsenal de eletrodomésticos chegou ao Brasil, fazendo com que o ambiente de serviço adquirisse outro status. Nos anos 1950 bonita e bem decorada, a cozinha anexa à copa já era um dos ambientes mais usados pela família. Na década de 1980 ela começou timidamente a se abrir para a sala. Em 2000, escancarada e exibida, ganha nome e sobrenome: cozinha gourmet.  



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