segunda-feira, 1 de abril de 2013

LEMBRANÇAS




            Um dia li que não sabemos o tamanho do nosso inconsciente, acrescento a essa máxima uma tentativa de parafrasear Clarice Lispector, quando esta diz que “não sabemos ao certo qual o nosso defeito cortar, pois pode ser que ao cortar qualquer um  todo o nosso edifício venha a cair. Digo isso porque não sabemos ao certo qual lembrança devemos cortar para segurar o nosso edifício inteiro. É certo que o homem é o único animal capaz de expressar emoções através das lembranças, ao que parece as melhores são sempre aquelas que nos remetem a infância e aos momentos de amadurecimento psíquico.


            Essas lembranças da infância ficam armazenadas em nossa memória de longo prazo, e desperta um fenômeno de sensações como algo já conhecido, já vivido que os franceses chamam de déjá vú. Essa capacidade de guardar parte do passado, salvando-o da perda total é o elo capaz de provocar reflexões sobre o que fomos, o que fizemos e qual o projeto que queremos para o nosso futuro.


            Penso que essas lembranças são a garantia de nossa própria identidade, é a representação do nosso EU, é quem realmente somos. A grande capacidade que a memória tem de armazenar acontecimentos, pode também assustar, pois como dizia Santo Agostinho temos medo de esquecer o que de mal vivemos, mas igualmente temos medo de não lembrar a felicidade vivida. Assim vejo que o bom da vida é que somos essa mistura entre presente, passado e futuro e as lembranças são as nossas luzes que se projetam sobre nós mesmos, daí somos hoje o resultado daquilo que fomos nos passado, assim como, do nosso futuro depende integralmente o que fazemos com o nosso presente. 

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