domingo, 14 de abril de 2013

IMPRESSÕES DO BRASIL DE JK ATRAVÉS DO CINEMA NACIONAL ANTIGO





Já disse em vários momentos aqui no blog, que sou como dizem hoje, retrô por excelência, foi antigo, de outra geração, já me interessa, imagine se houver a combinação entre cinema e produção nacional antiga, é a maravilha. Vi no You tube o filme Entrei de Gaiato de 1959, uma chanchada (gênero de comédia nacional) passando por musicais com cantores da época como Moacir Franco, Linda Batista e Emilinha Borba.


Os atores principais são os comediantes Zé Trindade e Dercy Gonçalves, que interpretam seus papéis sem grandes esforços. O que me impressiona é o enredo construído com base na esperteza, malandragem e perspicácia do famoso jeitinho brasileiro, onde os vigaristas Dercy e Trindade tentam se hospedando num hotel de luxo, aplicar golpes, para se dá bem e sair da situação de penúria em que vivem. O filme hoje parece mais ingênuo e infantil do que nunca, o pano de fundo é o carnaval do Rio e a mudança da Capital para Brasília, como pode ser visto na música interpretada por Grande Otelo Maria Brasília.


Na verdade, o filme, faz uma sátira a situação da época o governo JK e a corrupção da construção de Brasília quando o Coronel JJ (Zé Trindade) aparece no hotel com uma mala cheia de tijolos, e ainda diz aqui tem mais tijolo que a construção de Brasília. O que fica claro são as mudanças da época num mundo de transição entre a morte de Getúlio, o Governo de JK e a construção do modo de produção capitalista brasileiro.


O humor apresenta-se com uma função social notável como instrumento de crítica política na história, como manifestação da nossa cultura de massa dos anos JK. A comédia musicada carioca, principalmente através das marchinhas carnavalescas e sambas de todos os tipos, mostra que para que todo esse humor e crítica ser possível havia liberdade de expressão no Governo JK, possível para as estripulias de Dercy Gonçalves e Zé Trindade.

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