quarta-feira, 19 de junho de 2013

SOMOS AQUILO QUE ESCOLHEMOS





Passamos a vida escolhendo essencialmente tudo. Nesse instante milhares de pessoas estão dizendo sim para a vida e para as decisões que viver acarreta, alguns estão pensando em mudanças, em recomeços, em desistências, qualquer que seja a decisão, uma coisa é certa esses apontamentos levam a marcha da nossa existência.


No ato de escolher está implicado o arrependimento, as escolhas devem ser feitas com vistas a não nos arrependermos depois, para somente assim ser possível viver a vida com plenitude. No ato de escolhermos necessitamos de um referencial que nos indique para onde estamos indo na trajetória da vida, esse referencial pode ter como base a fé, os acontecimentos sociais, ou a força inconsciente que move as escolhas da vida de cada ser humano.


Penso que toda escolha inclui necessariamente uma perda, perde-se de um lado mais ganha-se de outro e é por isso que a vida é tão fascinante, e com base nesse pressuposto não podemos lamentar a perda sem considerar o ganho que não pode ser imediato, nem aparente mas que depois pode vim muito maior. As escolhas que faremos durante a vida podem acarretar mas experiências que considero necessárias se admitidas plenamente e saboreadas em seu gosto amargo que nos ensina a viver.


O importante para não nos arrependermos de nossas escolhas é que não podemos julgar uma decisão do passado com vistas a nossa visão de mundo no presente. O que foi decidido era com vistas naquela ocasião, se todos nos tivéssemos o olhar que temos hoje das rotas do passado seria possível que não causássemos tantos desvios, mas não podemos nos desviar do passado, o que foi feito acarretará consequências para o resto de nossas vidas.

Entendo que viver é fazer escolhas e algumas delas implica em se desprender de prazeres imediatos, o que pode se abrir mão de controle, perfeição, sociabilidade, é preciso saber sobreviver aos amores e as perdas, pesar os prós, os contras de todas as coisas aceita-las e não se arrepender das escolhas feitas, afinal faz parte das manifestações da vida.



segunda-feira, 17 de junho de 2013

UM FURACÃO CHAMADO FRIDA KAHLO






            Frida Kahlo é uma daquelas mulheres que pelo fato de existirem já chamam atenção sem muito esforços, conhecia um pouco de sua biografia de sua obra, e aprofundei esse conhecimento quando vi o filme Frida (2002) estrelado por Salma Hayek e Alfred Molina que faz o papel de Diego Rivera, marido de Frida. Frida nasceu no México em 1097 e não gostava de ser vista como filha da Revolução, tratava-se de uma revolucionária que acreditava ser capaz de mudar o mundo principalmente o seu próprio mundo.


            Sua vida foi marcada por tragédias, como um grave acidente de ônibus que partiu sua coluna obrigando-a a ficar impossibilitada. Começou a pintar quando sua mãe colocou um espelho perto de sua cama e  sempre pintou a si mesma, considerando que sempre fez o que via, o que sentia, sua vida, suas angústias seus anseios e o tumultuoso amor pelo seu infiel marido.


            O filme mostra a conturbada relação com o seu marido pintor, suas infidelidades que iam de um relação com uma modelo que ele estivesse pintando até com sua própria irmã. Para compensar a infidelidade do marido o filme mostra suas também relações extraconjugais com o revolucionário Trotski e outros homens e mulheres.


            A obra de Frida Kahlo foi considerada por críticos como surrealista, mas a própria autora nunca a considerou assim, acreditava pintar somente sua própria realidade. Isso fica evidente quando pintou muitas vezes o tema de filhos uma de suas maiores dores é não ter conseguido ser mãe, embora tenha engravidado. Em suas obras sempre procurou ressaltar as tradições e cores de sua gente o México.


 Frida era uma mulher real que tinha uma vida marcada pela luta constante da superação, os casos extra conjugais de ambos não refletem os padrões de um casal tradicional, eram artistas e suas visões de mundo refletiam outros interesses. Seus auto retratos mostram que sua arte buscava acima de tudo uma integração consigo mesma, a busca constante de uma liberdade quando dizia para que preciso de pés se tenho asas para voar. O filme presta um grande serviço a obra de Frida e ao conhecimento de sua pessoa pelo grande público. 

domingo, 16 de junho de 2013

QUANDO LI TRAVESSIA DE UMA NOITE DE VERÃO





            Sempre me interessei pela obra de Truman Capote, em especial Sangue Frio e a sua mais memorável adaptação para o cinema que no Brasil recebeu o título de Bonequinha de Luxo, estrelado por Audrey Hepburn. Travessia de Verão é um livro que tenho desde o lançamento no Brasil em 2006, acho interessante a história dos originais terem se perdido e só tenham sido encontrado somente em 2004, o próprio final do livro nos passa uma ideia de não se saber ao certo se foi daquela forma, ou se o autor não terminou a história.


            A história fala de amores juvenis, quebras de valores e de paradigmas, encontra-se ambientada em Nova York, logo após a Segunda Guerra Mundial, onde uma moça da Alta Sociedade, prestes a debutar, Grade McNeil resolve passar o verão sozinha sem os pais em sua cobertura na quinta avenida, enquanto isso ela resolve viver um romance com um jovem judeu que trabalha num estacionamento de carros. A jovem não tem preocupação com padrões nem opiniões sociais o que deseja é curtir a vida fora dos padrões tradicionais.


            Travessia de Uma Noite de Verão conta a história de amor e de quebra de valores, de uma sociedade que era centrada em aspectos puramente tradicionais e individuais. A narrativa de Capote vai do simples ao rebuscado como podemos ver na pág. 59. Todo mundo é obrigado a querer casar? (...) sim: mas amor e casamento não são sinônimos notórios na mente da maioria das mulheres? Com certeza poucos homens conseguem o primeiro sem prometer o segundo.


            A narrativa é construída em terceira pessoa e conta muito sobre a sociedade da época, seus anseios, suas músicas, seus costumes suas perspectivas. O central do romance é a diferença social que se abre entre Clyde e Grady o que fica evidente em seu pensamento nessa fala pág. 89. Ela não tinha medo de dizer: eu sou rica, o dinheiro é a ilha onde eu piso; pois graças ao dinheiro podia sempre se dá ao luxo de substitui: casas, móveis, pessoas. Se os Manzers entendiam a vida de outra forma não estavam acostumados a tais facilidades. Clyde trata Grady mal como uma forma de se proteger do abandono que sabe que irá passar, cedendo ao caprichos, anseios e interesses da mimada garota rica.


            Apesar de não ser sua melhor obra Capote se mostra um prosista surpreendentemente talentoso, sua técnica de escrita de cunho jornalística considerada revolucionária nos anos 1960, é referência e copiada por muitos autores, mesmo sendo um romance inicial vale a pena conhecer e fazer a leitura da obra, do início da produção literária de Capote.  

sexta-feira, 14 de junho de 2013

PENSANDO A COMPAIXÃO HUMANA





       Ao que parece a compaixão é a mais humana das virtudes responsável por definir aquilo que nos humaniza, que nos tornam seres melhores mais próximos dos nossos semelhantes. A compaixão nos abre ao outro com a possiblidade do amor dolorido, com a possibilidade de se solidarizar e compartilhar a dor que é estranha a nós.  


            No exercício da compaixão alguns elementos estão implicados como o assumir a paixão do outro,  está ao seu lado e sofrer com ele. O interessante é que nenhuma ciência social nem biológica tem uma explicação plausível para mensurar porque um homem é capaz de socorrer uma criança que chora, arriscado sua própria vida para salva-la. Essa falta de explicação supera a expressão de racionalidade que todo ser humano carrega consigo.


            A compaixão é um mistério que o ser humano tem de melhor, acredito que é fruto do amor que ele traz no coração, algumas qualidades são essenciais para a paz de espírito e é a atitude humana de afeição e compaixão que nos leva a nos interessar pelo outro, pautada principalmente no respeito e no limite do desprendimento a situação do outro.


  A efetivação da prática da compaixão baseia-se no reconhecimento de que o direito dos outros à felicidade pode e deve ser idêntico ao direito à nossa felicidade. Tenho sentido esse sentimento de compaixão depois que fiquei doente, entre parentes, amigos novos e antigos da parte de pessoas de  quem nem esperava tal atitude e acredito que a natureza humana pode ser gentil e compassiva. Compaixão, responsabilidade e solidariedade são valores fundamentais para salvarmos o mundo e as nossas vidas do cinismo, da indiferença e da desumanização tão comuns de nossa era.


            Mesmo que a nossa vida e o mundo não se transforme com a velocidade de nossas ações, é sempre possível transformar a nossa própria vida contribuíndo com a melhoria da vida do outro.