quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O MAR ME LEMBRA CAYMMI



            Sou do sertão, e só vim conhecer o mar, quando já entendia de mim, e das minhas principais predileções, deve ser por isso, que quando lá estou e sinto sua grandeza física, energética e mística tenho uma trilha sonora que emoldura esse pensamento, as músicas do baiano Dorival Caymmi, notadamente, aquelas que falam do mar. Caymmi é um dos mais célebres músicos brasileiros, suas músicas são construídas, para exaltar sua querida Bahia, o mar e a mulher brasileira. Seu jeito meio ocioso lembra o cansaço que a maresia traz e as inevitáveis viagens que fazemos para dentro de nós mesmos.


            Caymmi é o artista figurativo, aquele que cria de forma harmônica crônicas e versos de inspiração folclóricas. Suas canções trazem: equilíbrio, ordem, beleza clássica, regularidade, harmonia liberta de amarras formais, e um tanto de sabor evocativo do samba urbano.


            Suas canções têm tamanha poeticidade, soam tão naturais que parecem acontecimentos vindos da natureza, com um que de brasilidade e baianidade. A sua voz é grave, porém mansa, chega a lembrar um canto erudito. Os seus ritmos e gêneros eram comuns aos pescadores da Bahia. Suas canções retratavam a crônica de uma época a linguagem de uma gente. Como na música Vida de negro é difícil, é difícil como o que (Retirantes), composta por ele e Jorge Amado. Trilha sonora da novela Escrava Isaura da TV Globo.


            O interessante de sua obra é a permanência e a vitalidade que ela desempenha no presente, têm relevância estética além do período em que foi produzida. O seu espaço canônico reservado na música brasileira ao lado de outros como Ari Barroso ou Noel Rosa é incontestável. Por fim fico com o conselho de João Ubaldo Ribeiro escutai Caymmi ele não quer que decifres nada a não ser vós mesmos, como é a empresa sagrada dos grandes poetas. E por tudo isso, fico com seu verso mais bonito é doce morrer no mar.
           
           
            

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A INVENÇÃO DO CONSUMO NO BRASIL




            Quando me reporto aqui a inventar, não significa, criar um Brasil que não existe, mas a partir da proposição de dados históricos, propor uma forma de conhecer o país e construir uma análise crítica de nossa realidade contemporânea. A invenção, ou construção social do consumo trilha esse caminho. Quais os fatores que contribuíram para a construção de uma sociedade de consumo nos anos 1950? São hábitos que modificados contribuíram para o que se considerava como baluarte da modernização do país e a integração deste ao mercado internacional.


            Com o governo de Juscelino Kubistchek, o país ganhou uma aura modernizante e o desejo de comprar produtos industrializados atendia ao slogan de campanha desenvolvimentista de 50 anos em 5. A criação desses novos hábitos era sustentada pela indústria, propaganda e pesquisa de opinião, gerando demandas até então inéditas.


            Vivia-se o período do crédito e o estímulo do consumo. Novos produtos foram introduzidos na vida das pessoas como: automóveis, TV, aspirador de pó, geladeira, enceradeira. Era o passaporte de ascensão para um novo patamar social e estilo de vida.


            Os produtos vão sendo lentamente impostos e seu grau de aceitação era feito através de pesquisas realizadas pelo Ibope. A indústria detinha o patrocínio dos programas de rádio, mídia mais importante da época. Todas as propagandas eram dirigidas ao público feminino, numa aposta que seriam decisivas na resolução das compras.


            Esses novos hábitos, tiveram influência na alimentação. Alimentos até então vendidos a granel, passaram a ser industrializados. Os legumes são enlatados, o consumo de chocolates e refrigerantes se multiplica. O supermercado, ganha o espaço, da venda, do mercado e da quitanda. Marcas como Helena Rubinstein, Avon e Elizabeth Arden passam a ocupar o banheiro das mulheres.


            O interessante dessa época é que foi vendido uma ideia de comportamento em que se ligava o consumo ao novo e ao moderno. A felicidade era o caminho do país, e assim, se construiu a imagem de Brasil país do futuro, pelo caminho da propaganda e da pesquisa, construiu-se um país moderno com a conta paga pelo consumo. O curioso que recentemente essa política se repete com a introdução das classes C e D do país, na rota do consumo.
             
            

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A MULHER DOS ANOS 1950




Estreou no Fantástico da TV Globo uma série baseada na obra de Clarice Lispector quando esta escrevia a coluna Correio Feminino, publicada na imprensa brasileira nos anos 1950 e 1960. Daí me questionei sobre duas questões fundamentais: até que ponto as questões do universo feminino estão resolvidas, como a identidade no casamento,  nessa contemporaneidade de aberturas e permissividades? O que era ser mulher no período em que Clarice escreveu a coluna?


Os anos 1950 foram uma época de prosperidade e relativa paz mundial, apesar da divisão do mundo entre as superpotências político-militares:  Estados Unidos e União Soviética. São características dessa época melhores condições de habitação, de comunicação, a busca pelo novo, pelo conforto e a consolidação da sociedade de consumo.  O Brasil era governado por Juscelino Kubitschek, as cidades estavam mais urbanas e a Televisão e o Rádio davam uma outro formato a imprensa.



Em sua aparência física a mulher viveu a era da feminilidade, com roupas de cintura marcada, sapatos altos, o uso de luvas e assessórios luxuosos como pérolas e peles. A beleza e o uso de cosméticos se tornaram importantes, com o auge das tinturas para o cabelo. Os ícones de elegância e feminilidade foram Grace Kelly e Audrey Hepburn, já em beleza, eram imbatíveis Marilyn Monroe e Brigitte Bardot. Foi o apogeu da alta costura, do salto agulha e do uso do rabo de cavalo.


A televisão foi introduzida nos lares, e as pessoas puderam ver a vida dos ricos e famosos como o casamento de Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco. Foi o período da tradição por excelência, as pessoas casavam cedo, e além de bela a mulher deveria ser boa dona de casa, boa esposa e boa mãe. Na tarefa de dona de casa era auxiliada pela introdução dos eletrodomésticos, como a máquina de lavar e o aspirador de pó.


A responsabilidade de preservar o lar, era inteiramente da mulher, pois ela, era o reflexo do trabalho do seu marido. As mulheres eram educadas para ser boas esposas, o que significava ser recatada e com bons modos. Geralmente as mulheres tinham um mundo que se resumia a casa, idas a costureira, casa de amigas e longa espera pela chegada do marido do trabalho. A mulher devia respeito ao nome do pai e do marido e a fidelidade era essencial, além de se relacionar com questões religiosas, reflexo de um lar decente.


Considero que hoje as mulheres ainda são cobradas sendo responsáveis, em sua maioria, pela casa, pelo marido e pela educação dos filhos. Mas diferente das mulheres dos anos 1950, as mulheres saíram de casa, foram para o mercado de trabalho, invadiram as universidades, assumiram tarefas que tantos duvidavam que elas seriam capazes de realizar. Além disso, fizeram uma revolução dentro de casa: diminuíram o número de filhos e mudaram radicalmente o papel pré-definido para elas ao longo de séculos. Nada foi fácil, nada foi sem dor ou dúvida. Mas, persiste o desafio como equilibrar uma vida conjugal longeva com esse novo papel de mulher? 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A ARTE DE TOMAR CAFÉ





            Li em algum lugar que nossas melhores lembranças gastronômicas são as da infância deve ser por isso, que tenho um predileção especial sobre o café e as lembranças que ele traz em minha vida. Quando criança acordava quase todos os dias com o aroma inebriante da bebida que meu pai fazia, perfumava a casa, ia até o meu quarto e preenchia os meus sentidos. Desde então, o café ocupa um espaço especialíssimo em minha vida e em meu coração.


            Agora estou numa fase de aprofundamento de conhecimento da bebida, testando variações e novos sabores, são os chamados cafés gourmet. São grãos de qualidade superior testados por profissionais qualificados chamados baristas, estes grãos apresentam condições especiais de adequação climática, solo, técnicas de manejo, produção e cultivo. O conhecimento sobre o café e como degustá-lo pode ser comparado ao vinho ou ao azeite de oliva.


Uso o café em cápsulas o que permite a qualquer pessoa extrair uma bebida de qualidade, com inúmeras nuances e diversificados sabores. E as variedades mais importantes são: Blend expresso- composto de sete criações com personalidades distintas e diversas origens, devem ser tomados em xícaras pequenas de 25 a 40 ml. As características dos blend são- contrastantes, cremosos, encorpados, intensos, adocicados e leves com um toque de limão. Na variedade Puro Originais, encontramos cafés com uma personalidade única e uma única origem os mais importantes são: Indriya da Índia- potente e picante com intensidade 10; Rosabya de Colombia- frutado e equilibrado com intensidade 6; Dulsão do Brasil- adocicado e suave com intensidade 4. Os Lungos oferecem uma gama de perfis e sabores e intensidades para serem tomados em xícaras grandes 110 ml, apresentam sabores estruturados, intensos e balanceados.


            O café é boa companhia para pensar a vida, tomar café é uma arte, além de uma elegante forma de socialização, que vai além de se ingerir simplesmente a bebida. O chamado para um café está carregado de características e charme próprios, não é beber qualquer coisa que dá uma ideia de desleixo, não é transgressor como tomar bebidas alcoólicas, ou constrangedor como sorvete, mas convites para uma saída descompromissada, são carregados do sentido de vamos tomar um café?