segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A ÉTICA EM HANNAH ARENDT



As minhas últimas aulas como professora foi na disciplina de Ética, o que para mim foi de grande valia, porque a discussão sobre o assunto transcende os aspectos puramente acadêmicos ou filosóficos e alcançam a vida pessoal. Um dos principais textos que  gostei de trabalhar foi A Condição Humana de Hannah Arendt que apresenta uma ética com pressupostos ligados mais ao mundo, seu maior interesse, muito maior do que qualquer inquietação com o espírito, ou com o ser em si.


Essa ética não está centrada em elementos subjetivos, mas na política e no centro de suas questões. Daí comungo com o pensamento dela, o que pode ser visto em outros textos aqui no blog, de que a crítica da falência ética está centrada contra a consagração do sujeito moderno e seu processo de alienação do mundo, a ponto desse sujeito vir a ser somente mais um objeto passível de destruição.


Como o mundo é condição da existência da condição humana é preciso que se tenha cuidado com ele, é esse espaço em que o homem por meio de algumas atividades condiciona a sua própria existência, sendo assim, tudo que adentra esse mundo, ou por ele é trazido pelo esforço humano faz parte da condição humana.


O bom do pensamento e da obra de Arendt é que ela nos apresenta uma ética que não tem um modelo definido como na ética tradicional, é uma ética ativa em que o próprio movimento se configura na referencia de como agir novamente. A prática (práxis) é o que revela o conteúdo ético. Essa práxis é toda atividade que ao ser executada é um fim em si mesma. O caráter político de sua ética é reafirmada quando entende que transformações sociais só são feitas por muitos homens e nunca por um só.


Como esse pensamento de uma ética que pode ser mensurada na prática pode ser materializada? Pode ser através das respostas as questões que surgem da experiência cotidiana, do inesperado, do contingente que atuam em nossas vidas, não poderiam ter um único sentido nem uma essência invariável que predetermina o modo de agir, o ainda que existe o Bem essencial, onde todas as ações deveriam convergir para esse fim. O que existe são bens que surgem e se mostram a medida que os homes se movimentam em seus espaços de mundo.


A ética de Arendt apresenta uma proposta voltada não para o EU mas para o mundo. Sua ética se forma a partir de uma prática referenciada pelo cuidado em relação ao espaço que vivemos e compartilhamos com os outros, o qual garante nossa dignidade como seres singulares. E nossa visão crítica dos hábitos e costumes dos grupos sociais dos quais somos parte. 

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