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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DEGAS E A VIDA MODERNA



            O século XIX é uma época importante porque considero a base da vida moderna tal qual  a conhecemos. Antecipando a fotografia, vejo a inegável importância de Degas com a pintura da vida moderna. Na década de 1860, novos temas passaram a integrar o inventário quase secular da iconografia acadêmica. A mitologia burguesa se sobrepõe aos heróis do Olimpo e do Sinai. A modernidade dos temas disseminou abordagens e modalidades inéditas de olhares.


            Degas foi sem dúvida um dos artistas mais inovadores e originais do século XIX. O seu olhar extraordinariamente agudo permitiu-lhe entrar no coração da vida parisiense moderna- o café concerto, as corridas de cavalo, a vida nos bastidores do teatro Ópera- com uma rapidez e uma liberdade de aproximação sem precedentes.


            A dança tema característico de toda a sua produção apresenta jovens dançarinas que modelam um corpo ainda juvenil, exibido bem além dos limites fixados pela rigorosa moral burguesa da época. Ele via na dança- nos movimentos, na leveza e na graça das dançarinas, uma sobrevivência do espírito da Grécia Antiga.



            Para mim a obra Em um Café (O Absinto) é o grande ícone da vida moderna. É uma cena diante de um copo de absinto, é como se as duas figuras vivessem alheias ao que o mundo estava vivendo com o frenesi da modernidade. A cena é ambientada no Café de la Nouvelle-Athènes, da praça Pigalle, antigo ponto de encontro dos grupos hostis ao imperador Napoleão III. Degas registra fielmente o lugar, das mesinhas de mármore ao biombo que separava o terraço. Nesse registro fiel vejo a antecipação da fotografia.


            Degas também foi escultor. O que chama atenção é uma bailarina esculpida com cera, com peruca, gaze, sapatilha e bandana de seda entre os cabelos. A figura de 14 anos exibe a fisionomia animalesca, que, aos espectadores da época, sugeria uma clara procedência social e promessas morais. Mostra inquietude com a civilização moderna, reedição contemporânea das esculturas antigas, a pequena bailarina representa representação única na escultura oitocentista.


            Um fato interessante é que Degas não teve alunos; talvez a sua originalidade fosse tanta que outros artistas só conseguiram colher a sua herança aos poucos, mas foi, porém o inspirador de vários deles e em geral sua inspiração sempre foi benéfica.