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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O ESVAZIAMENTO DA POLÍTICA


            Para o grande historiador Erick Hobsbawm o século XIX terminou somente em 1914 com a Primeira Guerra Mundial e o século XX bem antes do seu fim cronológico em 1989 com a queda do Muro de Berlim. Dos escombros do Socialismo surgiu um novo mundo, a nossa contemporaneidade que muitos chamam de pós modernidade. Que seria uma nova forma de manifestação da velha modernidade racionalista, centrado sobretudo, na dispersão e na multiplicidade de interesses os mais variados possíveis.


            Uma das mais fortes manifestações da nossa era contemporânea é o esvaziamento da política. Não se pode pensar mais em classes, agora o que existe são categorias. Aquele sujeito revolucionário da segunda metade do século XIX e XX não comparece mais a história. O sujeito contemporâneo não faz política revolucionária, seu maior objetivo são seus interesses pessoais, defende apenas a sua causa seja ela, racial, sexual, religiosa entre outras.


            Nas eleições presidenciais desse ano isso se torna cada vez mais claro, é o esvaziamento do debate, das questões concretas, do interesse coletivo, cada um defende o seu quinhão a sua gleba na Terra de Santa Cruz. São sintomas de uma era em que a aparência se sobrepõem a essência, de relativismos exacerbados, onde as lutas de classes foram suprimidas, pela dispersão relativa do “olhar” pessoal de cada um sobre os assuntos da sociedade.



            A cultura pós moderna contemporânea tem a tendência a transformar o mundo num sistema de símbolos, promovendo um caldo ideológico capaz de falsear a realidade. Pelo andar da carruagem vemos que a pós modernidade é uma época neo conservadora, pelo menos no campo político. As transformações de tempo e espaço conduzidas pela revolução do mundo virtual não conseguiram avançar no mundo político.

domingo, 22 de junho de 2014

ÉDOUARD MONET PIONEIRO DAS ARTES MODERNAS


            Observando a obra do francês Édouard Monet  especialmente o quadro Piquenique no Bosque podemos ver uma distinta moça nua ao lado de dois rapazes. A obra traduz revolução tendo sido grande novidade do Salão dos rejeitados que reuniu pintores que não participaram do Salão de Belas Artes de 1863. A exposição reuniu grandes pintores daquele ano e contou com a participação do imperador Napoleão III que tratou a obra como atentado ao pudor.



            Na segunda metade do século XIX o nu não era novidade na pintura. A radicalidade de Manet foi colocar uma mulher de verdade sem roupa no quadro. Antes mulheres nuas eram deusas, semideusas ou obras que remetiam ao classicismo grego. A negação das convenções e sua busca por retratar uma nova liberdade para tratar de temas convencionais, talvez possa ser considerado como o ponto de partida da arte moderna.

terça-feira, 3 de junho de 2014

METRÓPOLIS O MELHOR DO CINEMA MUDO


Metrópolis (1927) está na lista dos filmes imperdíveis para o mundo do cinema. O filme do alemão Fritz Lang nos envolve num sinistro feitiço do início ao fim, tem um enredo que desafia o senso comum, e a descontinuidade é uma das suas premissas. Considerado como o grande o primeiro grande filme de ficção científica, fixou para o resto do século a imagem da cidade futurística, com o inferno do progresso da ciência e da falta de esperanças para a humanidade.



O laboratório de seu gênio, o diabólico Rotwang, criou o visual de enlouquecidos cientistas para as décadas que se seguiram. E a invenção da falsa Maria, o robô que lembra os seres humanos inspirou uma outra sequência de filmes. A mensagem oculta mostrada no filme é poderosa: ciência e indústria serão as armas dos demagogos. O filme de Lang é o ponto culminante do expressionismo alemão, a combinação de estilizados cenários, dramáticos ângulos de câmeras, sombras audaciosas e performances propositadamente teatrais.



A história, é sobre uma enorme cidade, cujas duas metades- os badalados cidadãos da superfície e os escravos de suas profundezas- não se conhecem mutuamente. A cidade é administrada por Jonh Frederson, um despótico homem de negócio. Seu filho Fred está em um jardim dos prazeres quando Maria, uma mulher do mundo subterrâneo, traz para a superfície um grupo de filhos de operários. Fred, atraído pela beleza de Maria e atônito com a situação dos operários vai para a superfície conhecer os segredos do mundo inferior.



Lang apresenta sua história com cenas de assombrosa originalidade. Considerando a primeira visão da fábrica subterrânea, com os operários se esforçando para movimentar pesados objetos manuais, mostrando-os controlados como os ponteiros de um relógio. Para apreciar o filme o espectador não pode pensar em simplesmente assistir, mesmo quando o roteiro parece a deriva, em nenhum momento o filme perde sua autoconfiança.




O resultado para a época é assombroso. Sem qualquer dos truques digitais de hoje em dia, Metrópolis enche a nossa imaginação. O filme é tão importante para a nossa construção visual que cria um tempo, um lugar e personagens que se tornam parte do nosso arsenal de imagens para imaginar o mundo. As ideias de Metrópolis foram absorvidas por tantas vezes em nossa cultura popular, que as suas horríveis cidades futurísticas são quase um fato consumado. Filme seminal para a nossa cultura e a história do cinema.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO DE FREUD


O Mal Estar na Civilização (1930) de Sigmund Freud é um texto muito curioso no percurso freudiano foi escrito em 1929 e publicado no ano seguinte, no momento de crise da Bolsa de Nova York em que o mundo passava por um processo de recessão e parece que ele já estava sentindo o que estava por vir (ascensão do nazismo e da Segunda Guerra Mundial). É um livro que ele transfere as questões da metapsicologia sobre o indivíduo para o social. Ele vai tentar entender com o social os mesmos conceitos que ele trabalhou com o indivíduo, enquanto sujeito dividido com questões de vida e questões de morte. Ele vai tentar entender o social a partir da divisão entre amor e agressividade.



Uma das primeiras perguntas colocadas no livro é o que querem os humanos? O entendimento seria que os humanos querem ser felizes, mas, tudo conspira para a infelicidade que provém de três fontes: primeiro a natureza é sempre mais poderosa do que o sujeito; segundo a decadência do corpo, somos mortais, adoecemos e envelhecemos; a terceira fonte seria a responsável de fato pelo mal estar da civilização que é o convívio com o meu semelhante, é o fato do sujeito ter que viver e dividir esse mundo com os outros.



O ser humano vive um paradoxo sozinho ele não sobrevive. Foi esse ser humano que criou a civilização, foi ele que decidiu se juntar aos outros para melhor dominar a natureza, para que o trabalho rendesse mais. O interessante, é que ele não suporta o que ele mesmo criou, a civilização, a família, a sociedade, o Estado. Para ele, nós humanos sofremos com aquilo que criamos.



Freud vai dizer que o homem moderno trocou o seu desejo de felicidade por aceitar não ser infeliz. É a ideia de que não há ganho sem perda, fio condutor de toda teoria analítica freudiana. Mas cada qual vai encontrar esse caminho como pode, uns viram emérita, outros se misturam na massa é esse equilíbrio que se busca para o que seja mais próximo da felicidade, já que para esta não existe modelo universal.



Freud retoma o entendimento de Hobbes de que o homem é o lobo do homem, ao dizer que os humanos têm uma agressividade inata, que não a usamos somente para nos defender quando somos agredidos, mas a agressividade está no cerne do nosso desejo e dá prazer ao ser humano. Essa agressividade se reflete na violência sexual; na exploração do trabalho; na exploração política; nas ditaduras; nas guerras; na violência social. Temos essa agressividade independente do estágio social a que chegarmos faz parte da nossa essência enquanto humanos. Conhecer essa essência humana permitiu a Freud dizer que não acreditava que a abolição da propriedade privada pela Revolução Russa fosse capaz de abolir a violência humana e a agressividade. a história provou que ele tinha razão. 




Não é um texto fácil de ser aceito porque acaba com qualquer possibilidade de harmonia entre o homens e entre o homem consigo mesmo. O ser humano iria suprimir essa destruição através do complexo de culpa e do superego. A violência que ele gostaria de cometer contra o outro vai acabar sendo contra si mesmo. E assim, Freud descontroi a certeza linear da modernidade. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

PÓS MODERNIDADE E TEMPOS ATUAIS


            Sempre tive dúvidas se a modernidade realmente tinha acabado, pesquisando sobre o assunto encontrei o livro O Pós Moderno de Jean François Lyotard, na verdade trata-se de um relatório encomendado pelo governo canadense sobre o que seria o conhecimento para o futuro. Esse texto nos diz que a pós modernidade é simplesmente a constatação de que a ideia de verdade construída lentamente pelos pensadores modernos é hoje apenas uma hipótese. As leis históricas, as grandes utopias a ideia de que estávamos caminhando para um mundo melhor, passaram a ser hipótese nenhuma certeza. Isso nos dá a ideia de que não somos produtores de doutrina, de verdade absolutas, mas apenas de possibilidades.



            A pós modernidade nos traz indicativos de que tudo que produzimos imaginando ser um conhecimento definitivo é na verdade, uma narrativa. Ser pós moderno é aceitar a diferença e misturar tudo, nesse sentido intelectuais como Michel Massefoli diz que a pós modernidade nasceu no Brasil porque aqui, somos capazes de carnavalizar tudo, misturar tudo. A pós modernidade é a decadência do futuro e a construção do presente é o fim da ideia de futurismo, é o fim do dever ser que nos amarrava e nos impedia de buscar um prazer, estamos livres para cada um escolher o seu próprio percurso.



            A pós modernidade aceita que não existe a criação a partir do nada, não tem a angústia do influencimento, todos somos influenciados, tudo se mistura, a partir de então, não existiria um fundamento sólido que explica as coisas. Um exemplo é a cultura, não existe mais uma linha sólida dividido o que seria cultura de massa e erudição, cada vez mais a cultura de mercado se mistura com o chamado clássico, fundamentalmente não temos como dizer qual o gosto que é o melhor gosto. A ideia é a de que as fronteiras rígidas se diluem, a pós modernidade é a construção de um presente possível.


            Os personagens da pós modernidade são frívolos, consumistas, estão a mercê da sociedade do espetáculo, o que pode ser comprovado pela exposição em reality shows e redes sociais. Com extrema ideia de incertezas, transformando cada um em produtor de uma verdade parcial, é o mundo das construções relativas. Uma coisa tenho por certo a vida é um teatro e tudo aquilo que a modernidade nos disse como sendo profundamente sério, é uma construção, somos grandes inventores de mitos. A pos modernidade não desconstrói nossos mitos o tempo todo, precisamos deles para viver e construir a vida.




            Particularmente prefiro as incertezas da pós modernidade do que a escravização da modernidade, dilacerada pelas pré imposições ao SER humano, a modernidade nos escravizou quando quis fazer de nós militantes de alguma coisa. Estamos mais cínicos, mais céticos, sobretudo, menos ingênuos.  A Modernidade não termina a pós modernidade é que começa, e assim, as duas convivem.