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sábado, 19 de janeiro de 2013

O QUE O TEMPO NOS DÁ





            Quando fiz vinte anos achava que sabia da vida, me imaginava capaz de casar, definir minha vida profissional e dá conselhos com base na minha experiência. Ter trinta anos era algo distante e nos meus planos de então quando essa data chegasse eu já seria estável e teria algum sucesso seja, no que fosse.


            Hoje aos trinta existe algumas vantagens de não ter vinte, a principal delas é perder cada vez menos tempo com bobagens. Só vou ao cinema para ver filmes, aos quais tenha lido as críticas de pessoas que tenham mais ou menos a mesma linha de pensamento que a minha. No quesito restaurantes vou sempre aos mesmos, dois ou três, e peço os mesmos pratos, pois sei do que gosto e do que não gosto e ainda rezo, para vim sempre com o mesmo sabor. Ir a lugares novos, só se meu estado de espírito estiver disposto, pois geralmente dá preguiça.


            As vezes sinto saudades daquela época em que eu arriscava, e era inteiramente sentimental, mas hoje vejo que sempre que me aventuro, me arrependo, seja até mesmo para fazer um compra sem planejamento.


            Nas preferências de viagens, tenho uma cinco no máximo e sei exatamente o que procuro e o que quero fazer. E quando isso acontece tenho a ilusão de que a vida tem alguma estabilidade, embora não seja aquela que eu sonhava aos vinte anos.


            No capitulo relacionamento amoroso é melhor nem arriscar e se entregar como se fazia aos vinte. As mulheres costumam fazer qualquer coisa para não ficar sozinhas. Foi construído que não se pode ir sozinha ao cinema, nem passar o fim de semana em casa consigo mesma, além do que seriamos  frágeis por natureza. Acredito que as mulheres são frágeis mas não a ponto de viver na companhia de alguém que não amam, somente para preencher a solidão e parecer estáveis.



            Hoje vejo que o mais importante é não ter grandes planos, nem correr riscos desmedidos, já que passaremos a vida correndo risco, além do que com o tempo entendemos que não dá mais para perder tempo com bobagens e que a vida é mais do que aquilo que nos disseram para fazer.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O COTIDIANO DE MICHEL MASSEFOLI (SEGUNDA PARTE).




            O rompimento com o paradigma da horizontalidade tradicional modernista, mostra a contestação em diversos pontos: a educação em seus fundamentos tradicional, a inutilidade da intelectualidade, o insucesso dos partidos políticos e o surgimento de estruturas espontâneas que contestam o monopólio sindical. Hoje há suspeição, mesmo dentro das estruturas midiáticas, os jornalistas podem ser vistos como os dinossauros da modernidade.


            Massefoli assinala que a morte do poder é um claro indício do reviver as potencialidades vitais que vêm de baixo. Vivemos num curso de superação da racionalidade cotidiana e isso pode ser visto, na volta das mais diversas formas de misticismo. O paganismo da deep ecology, o sucesso do candomblé brasileiro, os cultos de possessão de diversos tipos, mostram a importância inegável desses fenômenos.



            O cotidiano pós moderno é formado pela volta ao paganismo, que aproveita a realidade momentânea para o que ela tem de bom ou de mal. Isso é notável nas práticas das jovens gerações com fortes conotações pagãs como: grupos musicais, afinidades sexuais e exacerbação tribais como: piercing e tatuagens.


            A religiosidade da pós modernidade é o espírito do tempo, com a volta ao ideal comunitário. É o fim de um ciclo de solidariedade mecânica (racional e abstrata) para uma solidariedade orgânica, vinda de baixo que retoma formas arcaicas e tribais, onde se privilegiam sentimentos de pertencimento e emoções vividas em comum. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O COTIDIANO PÓS MODERNO DE MICHEL MAFFESOLI.




Esses dias assisti uma conferência com o professor Michel Massefoli da Sorbonne, Universidade de Paris, França. O professor é titular da cadeira de Sociologia que pertenceu a Émile Durkheim. Interessei-me sobremodo, pelo seu estudo sobre a pós-modernidade. Na leitura que estou fazendo sobre a obra O Tempo Retorna, retirei algumas impressões, que imagino serem importantes de compartilhamento.


Massefoli propõe uma volta as formas elementares de Durkheim que considerava serem as marcas indeléveis de uma determinada época. Com a retomada dessas formas, poderemos entender o nosso cotidiano pós moderno que se coloca para além do exacerbamento racionalista que marcou a modernidade iluminista. É preciso analisar o cotidiano a partir do ponto de vista da vida a fonte diária de transformações e renovações do dinamismo existencial.


O ressurgimento da vida cotidiana é a primeira característica da pós modernidade. Embora continuemos influenciados pela exploração econômica, moral, simbólica e ideológica. O conhecimento íntimo do mundo vivido não é uma propriedade de alguns, ou de qualquer ideia institucionalizada, mas um feito de todos os membros da comunidade.


A revolução que vivemos da vida cotidiana, nos leva a pensar numa cultura feita de elementos simples que prescindem do providencialismo agostiniano, iluminista, hegeliano ou marxista. Essa superação do providencialismo marca a substituição do paradigma vertical para o horizontal que é a base comum de todo os fenômenos contemporâneos.


Os fatos relevantes do mundo cotidiano possuem base no copertencimento como assinala as redes sociais e as buscas a uma religiosidade pagã, rompendo as tradicionais hierarquias verticais e com as religiões monoteístas.