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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

TRABALHADORES DE MARC FERREZ


Marc Ferrez foi o mais importante fotógrafo brasileiro do século 19, se especializou em fotografar a partir de 1870 as paisagens nacionais. Particularmente gosto de suas imagens que apresentam trabalhadores rurais e urbanos (escravos e libertos) o que me inquieta é a abordagem aparentemente neutra do fotógrafo e a exposição de pessoas visivelmente incomodadas ou constrangidas com esse fato, ou de aspecto muito melancólico.

Vendedor de pão doce (1895)
Marc Ferrez foi o principal divulgador de imagens do Brasil internacionalmente. Na série de imagens de vendedores de ruas estão imagens em que as pessoas evocam formas icônicas, ao serem fotografadas sobre um fundo neutro, que evidencia a forma expressiva de rostos e detalhe da simplicidade das vestes. O fundo neutro permite também mais dignidade as pessoas centrando a reprodução nelas e não no seu entorno.

Garrafeiros (1895)
São imagens com mais de 150 anos, mas que ainda tem muito a nos dizer de um país que estava saindo das raízes do escravismo em busca de uma aproximação com a construção de um mercado assalariado de trabalho. São registros mesmo idealizados com um claro tom artístico, aproximado com a pintura da época. As fotos foram feitas na Cidade do Rio de janeiro que foi sua grande paixão de cenário fotográfico.

Barbeiro (1890)

As imagens são o registro de uma sociedade que passava por transformações profundas de um escravismo cruel para trabalhadores remunerados. O valor das imagens é imensurável com domínio estético de luz e composição. As fotografias foram realizadas conjugando tanto o olhar do fotográfico quanto sua observação da cidade que Ferrez teve diante dos olhos, recriando essas impressões e vivências. 

domingo, 6 de julho de 2014

O MOVIMENTO CULTURAL ROMÂNTICO


            Inicialmente quero começar deixando claro que o Romantismo enquanto movimento cultural surgido na primeira metade do século XIX foi mais uma questão de ponto de vista do que propriamente de características estilísticas definidas. Sua denominação provém de sua sustentação emotiva e intuitiva. O Romantismo se sustentava em filosofias transcendentais de autores como Schelling a partir das críticas de Kant.


            Foi um período em que se viveu um entusiasmo pela Idade Média, com renovada força ao gótico principalmente na arquitetura. Em termos estéticos havia um interesse pela cor com a criação de efeitos vibrantes. A paisagem foi considerada como a forma de arte mais importante. Um dos mais importantes representantes do Romantismo francês foi o pintor Eugene Delacroix, sua obra mostra cenas de paixão, violência e sensualidade, aliadas ao colorido das vestes e paisagens.



            O Romantismo foi revolucionário a intuição como ponto de partida baseado  numa autoconsciência era algo extremamente revolucionário, na medida em que liga o processo do pensamento com a imediatez da sensibilidade. É o movimento que mistura idealidade e materialidade numa nova concepção metafísica. Mesmo não tendo um definição precisa do que seja esteticamente definido como Romantismo trata-se de um dos movimentos mais significativos na história da cultura humana, com rebatimentos artísticos, científicos e filosóficos sólidos e duradouros.

domingo, 1 de junho de 2014

AS PINTURAS DE RENOIR


Pierre August Renoir (1841-1919), nasceu na cidade francesa de Limoges. Foi um dos poucos mestres reconhecidos ainda em vida pela crítica e pelo público. Mesmo considerado um dos representantes do impressionismo, Renoir não pertenceu apenas a esse movimento. Seu trabalho mostra um forma própria de ver e traduzir nas telas a vida européia que fervia ao seu redor. Entendia que a função do artista era reproduzir na tela momentos de fugaz beleza da vida.


A luz solar sempre apareceu como um elemento determinante. Diferente dos impressionistas tradicionais foi incorporando outros temas além da paisagem como nus artísticos, momentos do cotidiano e retratos. Isso o diferenciava de outros impressionistas que praticamente ignoravam a figura humana. Observar por alguns instantes um quadro de Renoir é o suficiente para inundar-se da forma graciosa, leve e descontraída com que ele pintava a vida.


As mulheres eram para ele fonte de inspiração, copiar o corpo e a feição não lhe bastava. O que lhe interessava era como a luz refletia nos corpos femininos. O principal objetivo de sua pintura era retratar suas impressões sobre o mundo, principalmente o universo feminino. O que mais gosto em seu trabalho é o cuidado que sempre teve na observação da realidade renegando as poses estudadas. Essa busca pela naturalidade é detectada em obras que mostram alguns dos momentos femininos mais particulares, como o banho.



Apesar das figuras femininas estar presente em todas as fases profissionais de Renoir, o enaltecimento aos atrativos físicos constituiu o principal objeto de sua produção artística. Pode-se dizer que suas obras tem a primeira vista, um certo ar descompromissado, mas Renoir mantinha a preocupação com o traço completo em relação a forma feminina.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OS ANOS 1800 NO BRASIL E A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA



            Quando chegou a terras brasileiras, o engenhoso instrumento de Daguerre, causava admiração a facilidade com que se obtinha, se conservava e se mantinha a imagem. A necessidade por uma experiência visual era uma constante, numa sociedade em que a maioria era analfabeta tal artifício possibilitaria um conhecimento mais rápido, mais generalizado, possibilitando também que os grupos pudessem se auto representar.


            A fotografia que se ambicionava era a de paisagem, e está se aproximava aos cânones da pintura romântica. A partir de 1862, os fotógrafos do Império participaram de exposições universais e receberam prêmios. Foi o período da pose por excelência, os preços da fotografia eram módicos e um trabalhador poderia tirar uma foto no centro do Rio de Janeiro.


            No Brasil ganhou grande público a foto pintura que fornecia um ar aristocrático a fotografia e a aproximava da pintura a óleo. Fazia sucesso também os retratos em porcelana, que era dado a parentes e amigos como lembranças da pessoa retratada. As idas ao fotógrafo não era frequente iam-se geralmente de uma a duas vezes por ano.


            Nenhuma família se interessou tanto por fotografia quanto a imperial, D. Pedro II é citado como grande incentivador da fotografia. As fotografias pertencentes a família imperial, incluem uma gama variada de temas: desde os retratados posados mais formais, passando pelas imagens do cotidiano e indo até a acontecimentos formais do Império.


            Além da família imperial, a clientela dos estúdios era formada pela classe senhorial agrária e pela população urbana, enriquecida pelo comércio e serviços prestados a burocracia imperial. Uma das imagens mais comuns retratadas nessa época que chegaram até nós é a de escravos que era produzida dentro e fora dos seus ateliês. Os escravos apareciam em atividades cotidianas, encenadas no estúdio do fotógrafo, em outras, pousavam em trajes bem cuidados as mulheres com turbantes e os homens de terno, sempre descalços, marca indelével da escravidão.


            Encontramos registros fotográficos que recriam com precisão o cotidiano da sociedade da época como vendedores ambulantes em sua maioria negras, de frutas, doces e fazendas. A reprodução do trabalho das fazendas ficou conhecido internacionalmente, com reprodução do trabalho em fazendas de café, amas de leite, vestidas com elegância com a criança nos braços e negros idosos com o aspecto cansado por não terem sido donos da própria vida. O interessante é como a retratação em preto e branco expressa a melancolia e a riqueza desse período, mostrando como a fotografia é importante para notificar a cara de uma sociedade. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O MAGNÉTISMO DE SARA BERNHARDT




Só conheci a famosa atriz francesa Sara Bernhardt através de um filme brasileiro o Xangô de Baker Street, adaptação do romance do apresentador Jô Soares. Visitou o Brasil quatro vezes a primeira ainda no reinado de D. Pedro II.  Vendo hoje fotos, lendo textos e críticas sobre a atriz, é impossível não ficar seduzido pelo seu talento e magnetismo.


Bernhardt fez sua fama nos palcos da França na década de 1870, início da Belle Époque, época marcada por profundas transformações culturais que se traduziam em novas formas de pensar e viver o cotidiano, a cena cultural estava em efervescência, com cabarés, cancan e o cinema. Tratava-se de uma cultura urbana de divertimento, incentivada pelos meios de comunicação e transporte, que aproximava lugares e povos.


Sara desenvolveu fama como atriz dramática, e foi transformada em um mito, criou um teatro que levou seu nome até a Segunda Guerra Mundial. Foi pioneira do cinema mudo, debutando no papel de Hamlet.  Seu papel mais marcante foi a Dama das Camélias de Alexandre Dumas. Possivelmente foi a atriz mais famosa do século XIX, e  seu mito foi construído como sinônimo de atuação.