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quarta-feira, 14 de maio de 2014

PÓS MODERNIDADE E TEMPOS ATUAIS


            Sempre tive dúvidas se a modernidade realmente tinha acabado, pesquisando sobre o assunto encontrei o livro O Pós Moderno de Jean François Lyotard, na verdade trata-se de um relatório encomendado pelo governo canadense sobre o que seria o conhecimento para o futuro. Esse texto nos diz que a pós modernidade é simplesmente a constatação de que a ideia de verdade construída lentamente pelos pensadores modernos é hoje apenas uma hipótese. As leis históricas, as grandes utopias a ideia de que estávamos caminhando para um mundo melhor, passaram a ser hipótese nenhuma certeza. Isso nos dá a ideia de que não somos produtores de doutrina, de verdade absolutas, mas apenas de possibilidades.



            A pós modernidade nos traz indicativos de que tudo que produzimos imaginando ser um conhecimento definitivo é na verdade, uma narrativa. Ser pós moderno é aceitar a diferença e misturar tudo, nesse sentido intelectuais como Michel Massefoli diz que a pós modernidade nasceu no Brasil porque aqui, somos capazes de carnavalizar tudo, misturar tudo. A pós modernidade é a decadência do futuro e a construção do presente é o fim da ideia de futurismo, é o fim do dever ser que nos amarrava e nos impedia de buscar um prazer, estamos livres para cada um escolher o seu próprio percurso.



            A pós modernidade aceita que não existe a criação a partir do nada, não tem a angústia do influencimento, todos somos influenciados, tudo se mistura, a partir de então, não existiria um fundamento sólido que explica as coisas. Um exemplo é a cultura, não existe mais uma linha sólida dividido o que seria cultura de massa e erudição, cada vez mais a cultura de mercado se mistura com o chamado clássico, fundamentalmente não temos como dizer qual o gosto que é o melhor gosto. A ideia é a de que as fronteiras rígidas se diluem, a pós modernidade é a construção de um presente possível.


            Os personagens da pós modernidade são frívolos, consumistas, estão a mercê da sociedade do espetáculo, o que pode ser comprovado pela exposição em reality shows e redes sociais. Com extrema ideia de incertezas, transformando cada um em produtor de uma verdade parcial, é o mundo das construções relativas. Uma coisa tenho por certo a vida é um teatro e tudo aquilo que a modernidade nos disse como sendo profundamente sério, é uma construção, somos grandes inventores de mitos. A pos modernidade não desconstrói nossos mitos o tempo todo, precisamos deles para viver e construir a vida.




            Particularmente prefiro as incertezas da pós modernidade do que a escravização da modernidade, dilacerada pelas pré imposições ao SER humano, a modernidade nos escravizou quando quis fazer de nós militantes de alguma coisa. Estamos mais cínicos, mais céticos, sobretudo, menos ingênuos.  A Modernidade não termina a pós modernidade é que começa, e assim, as duas convivem. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

SOBRE O RESSENTIMENTO



            Estive pensando e vi que o ressentimento como um afeto declarado é mau visto moralmente  pela sociedade. O sujeito que se mostra ressentido é tido como aquele que não vai para a frente, que é amargo e rancoroso. Ninguém gosta de ser reconhecido como ressentido, mais quando o ressentimento aparece camuflado em alguém que se sente injustiçado com uma determinada situação, ou alguém sensível, ele é visto com muita complacência, e em geral como um sinal positivo.


            O ressentimento é uma constelação afetiva composta de (mágoa, inveja, desejo de vingança, raiva), acho que é um afeto que não pode ser nomeado mais que tem um brilho narcísico qualquer. Se manifesta como uma espécie de mágoa que não se supera, e ao que parece a pessoa não quer esquecer, tem algum gosto em relembrar. O que tem que ser pensado é qual a função dessa chama que mantém viva a memória do agravo?


            A função do ressentimento parece ser (prazer em acusar, vingança embutida, preservar o narcisismo, culpar o outro) é como se a pessoa dissesse eu não fiz nada de errado, se estou nessa situação alguém me prejudicou. De modo que o ressentido interpreta qualquer falta na sua vida como um prejuízo, não é porque a falta faz parte da vida, ou porque o sujeito fez uma escolha que não deu certo, alguém o prejudicou, assim o ressentido se isenta de responsabilidades. O narcisismo do ressentido se preserva, ele não quer saber onde eventualmente errou, ele não quer responder como co- responsável desse eventual fracasso na sua vida.


            Acho que em certos termos o ressentimento está relacionado a modernidade, pois vivemos numa sociedade narcísica, em que cada um tenta responder a esse ideal de ser alguém muito especial, que foi feito para não sofrer, para ser feliz, para ser melhor que os outros. São tempos de extremo individualismo em que cada um deve se fazer por si mesmo, construir o seu destino, fazer sua vida sem depender de ninguém, o que já é uma falácia, porque nossa dependência do outro é constitucional, é parte do humano.


            O individualismo é um ideal que funda um ideologia incapaz de se cumprir, todos nós somos divididos, e a ideia de que você faz o seu destino e chega lá sem depender de ninguém é uma grande falácia. No ressentimento o sujeito preserva o ideal individualista ele acredita que pode chegar lá sozinho e se ele fracassa a culpa é do outro, alguém se atravessou no seu caminho. Para Nietzsche o ressentimento é uma vingança imaginária e adiada. Isso porque com essa queixa o ressentido acredita que o outro, a quem ele atribui a responsabilidade pelos seus males um dia sofra.
           


            Acredito que o grande mecanismo do ressentimento está que na origem, já que, houve covardia, submissão voluntária e o sujeito não quis lutar, sendo assim, a saída é a acusação do outro. A pessoa ressentida se reconhece como vítima em vez de derrotada se livrando de todas as suas responsabilidades. Ele espera que o forte deixe de ser forte e apresenta um apego inconsciente ao passado ideal do seu próprio narcisismo.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

SELFIE: O EGOCENTRISMO COLETIVO


Esses dias estive pensando na moderna obsessão da maioria das pessoas em se fotografar freneticamente seja em espelhos de banheiros, academias, bares ou qualquer lugar que possa faze-lo. O tal do “selfie” é a febre do momento todos querem, todos fazem. Junte-se a isso, a mania que vem crescendo nos últimos anos a de fotografar as comidas, seja nos restaurantes ou em casa. Parece que comer ficou em segundo plano, deixe o prato esfriar, em primeiro lugar vem fotografar. Mesmo que seja um simples mexido de segunda feira a noite tem que ser imediatamente publicado em redes sociais como face book e instagram.


Mas a moda “selfie” (publicar em redes sociais fotos que a pessoa tira do próprio rosto), superou tudo até a mania que considero irritante de fotografar a comida. Hoje cada um com seu celular cheio de recursos tecnológicos dirige o filme da própria vida, onde cada um, logicamente é a estrela e protagonista. E tome pose blasé, olhares fatais, cabelos arrumados e biquinhos (ah o infame biquinho) sensuais, caras e bocas não faltam. O “selfie” não tem classe social, muito menos limites.



Me sinto num surto coletivo de egocentrismo e hedonismo. Parece que a maioria das pessoas não faz questão de companhia, já que o principal parceiro e companheiro é o telefone celular. No mais acho que estou velha já que me assusto com fotos publicadas em funerais, banheiros, hospitais, mesas de família e em outros lugares que a pouco tempo seriam inimagináveis.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A MODERNIDADE DE GODARD



            O primeiro contato de tive com Jean Luc Godard foi a expressão de seu nome  na música do Legião Urbana, e realmente ver Godard é muito diferente do que ir a uma lanchonete. Se tem um cineasta que possa sintetizar a modernidade cinematográfica é o próprio Godard de todos os cineastas da Nouvelle Vague o franco suíço foi o que encarou de forma mais emblemática as transformações que o cinema viveu pós 1950.


            Os cinemas novos que pipocaram ao redor do mundo nos anos 1960, inclusive no Brasil, tiveram em Godard seu maior modelo, não só de inovação de técnica e estilo, mas também de posicionamento político em face da própria situação do cinema e do mundo. Ele concebia seus filmes como reportagens ficcionais experimentais, buscando dá conta de tudo que estava acontecendo ao mesmo tempo.


            No Brasil quem melhor dialogou com o modelo de Godard foi por excelência Glauber Rocha e ainda  Sganzerla em o Bandido da Luz Vermelha (1968) a violência do som e da imagem, remetem diretamente a obra do franco suíço. Sganzerla partilhava a mesma provocação frontal e articulação rápida de ideias, com uma quebra proporcional das tradições.


            Godard era questionador e provocava uma asfixia visual, pela cultura, pela arte e pela história. Para ele uma árvore é uma escolha verde; um carro, o produto da Revolução Industrial; uma mulher, uma vênus inspirada num quadro de Velásquez. Ele traz em sua memória também a reminiscência da centena de filmes que assistiu.


            O ápice do seu trabalho com vídeo está na História do Cinema, concebida entre 1988 e 1998 ali o diretor cria situações desconcertantes entre imagens palavras e sons egressos de praticamente toda a história do cinema e das artes. O que dá para mensurar que este encara as imagens como forma de conhecimento do mundo.