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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A TAL FELICIDADE



Já falei em outros momentos aqui no blog sobre a felicidade que acredito a priori ser o objetivo maior da nossa existência, embora entenda que o primeiro fundamento desse princípio, deve ser a incerteza. Esse é um tema que perturba, impressiona e tem a capacidade de comover as pessoas. Não temos certeza do que é, mas somos convocados a todo tempo para buscar essa tal felicidade.  Embora já tenha tentado construir conceitos sobre o assunto, hoje compreendo que só é possível falar em felicidade num nível de dúvida.


Ao longo da história do pensamento, sempre se tentou responder justamente essa pergunta, o que é a felicidade? E foi aí que se criaram regras para ela e é assim que impomos uns aos outros os nossos paradigmas. O que pode nos salvar desses deveres para com a felicidade, é justamente a interrogação que deveria ser um exercício cotidiano. Pensando e duvidando de conceitos é possível buscar e construir nossa própria felicidade, não como algo pronto e acabado, mas como algo capaz de ser construído não como o ideal pronto e realizado, mas como uma aventura que é gestada a partir do nosso próprio cotidiano.


Em nossos tempos atuais, ser feliz é praticamente uma obrigação, que nos é lançada, sobretudo, por meios de comunicação, e podemos muito bem dizer que a felicidade dos nossos dias foi cativada pela publicidade. Mas mesmo assim, não devemos abrir mão desse termo, mesmo após sua transformação em uma mercadoria, capaz de vender outras mercadorias. A felicidade surge inicialmente nos textos dos filósofos da antiguidade grega. Naquele momento, eles estavam preocupados em entender como alguém pode ser feliz sem precisar da intervenção de uma força maior, ou seja, como posso ser feliz chamando apenas aquilo que tenho dentro de mim?



A questão é o que que você enquanto ser individual é capaz de fazer junto a outros seres humanos para ser feliz consigo mesmo? E é aí que a felicidade se insere no campo da ética, que é de modo geral algo que fazemos com o outro. Essa ideia do nosso tempo de ser feliz, é uma imposição do outro, a gente só quer ser feliz porque existe um ordenamento social e cultural que nos exige isso.



Reafirmo e aceito o pensamento dos gregos, o ser humano consegue ser feliz quando ele mesmo se torna virtuoso, e encontra o equilíbrio interior entre o bem e o mal, pois seria virtude do ser humano a mistura que resulta na capacidade de cometer erros e acertos, sendo assim, a felicidade seria o encontro daquilo que sou capaz de compreender em relação a própria vida que vivo, o encontro do meu pensamento com a minha ação.



Tenho a impressão que existem muitas pessoas que vivem como se a vida fosse algo de plástico, como se ela não fosse de concreto, na verdade, a vida é muito pesada. Todos mais cedo ou mais tarde irão vivenciar uma coisa que chamo de dor de existir. Nietzsche entendia que para ser feliz, basta está vivo, porque viver é algo bonito e nesse ponto ele está correto, porque viver é uma infinitude de possibilidades e é a chance que temos de experimentar a condição humana. Já que fora disso não temos a certeza racionalista que existe algo.



Por isso, entendo que felicidade é a capacidade que cada um de nós tem de inventar essa sensação para si mesmo, já que cada um pode desenhar a sua ideia de felicidade. Nesse sentido, Kant tinha razão, talvez a gente não possa ser feliz num sentido total metafísico, mas apenas no sentido de termos feito tudo que estava a nosso alcance para botar a cabeça no travesseiro e ficar numa boa. Afinal, a vida não é sonho.