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terça-feira, 30 de setembro de 2014

F. SCOTT-FITZGERALD E A ACLAMADA PROSA DO GRANDE GATSBY


F. Scott Fitzgerald, tem sido assunto do momento com O Grande Gatsby (2013) estrelado por Leonardo DiCaprio no cinema de qualidade inquestionável revisionado e colorido com a melhor tecnológia atual. Eu já tinha visto a versão de 1974 estrelada por Robert Redford e Mia Farrow, mesmo não tido sido bem aclamado pela crítica em sua época mostra-se resistente ao tempo com uma boa reconstrução histórica. Considerei Leonardo DiCaprio um Gatsby caloroso e simpatico como Redford não conseguiu ser. A versão recente é mais interessante apesar do barulho excessivo da reconstrução das festas. Nos permite imagens perfeitas e poemas visuais.



O livro que dá origem ao filme (The Great Gatsby 1925)  é de  de alta qualidade literária  que resolvi reler após ver novamente essas duas versões cinematográficas. F. Scott Fitzgerald é conhecido por sua verve literária, seus fantásticos anos 1920, sua vida em Paris para escrever, sua escrita aclamada. Mas vou logo dizendo caro leitor, se você quer se apaixonar o livro é vivo e nos últimos dias me salvou do marasmo literário. Gatsby é daquelas leituras que tem fôlego, além da capacidade de se ler somente uma vez, você pode ler várias e continuar se apaixonando.



O autor conta a história através do personagem Nick, o narrador que fala os acontecimentos muitos anos depois. É através dele que conhecemos os personagens, Dayse sua prima, o marido dela, Jordan e por vim Gatsby. Nick é o menos abastado de todos eles, os demais vivem do luxo e da opulência do dinheiro. A descrição do ambiente é incrível com luzes, roupas, gestos falas. São lições de como se ambientar uma casa, tanto do apartamento da amante de Tom, marido de Dayse quanto da casa do casal ou do hotel das cenas finais.



O suspense que o livro traz é bem mais sútil do que o filme que é mais direto, quem é Joy Gatsby? Na verdade creio que Fitzgerald estava mais preocupado em mostrar a luta dos personagens pelas suas aparências. Tenho algumas convicções e não sinto pena de Gatsby como Nick, acho que ele amava mais o que Dayse representava do que ela própria, ele queria que a riqueza o aceitasse e só seria aquilo que planejou se tivesse ela a seu lado. Tanto que pagou o preço ao não denuncia-la depois do acidente.




Livro incrível F. Scott Fitzgerald faz jus a fama, novelista de primeira linha. Wood Allen tem razão em sentir inveja de sua escrita. É o romance definitivo dos anos prósperos e loucos que sucederam a Primeira Guerra Mundial.  Mesmo Gatsby sendo arrogante e Dayse prepotente com vidas superficiais, através de suas personagens é possível discutir o consumismo desenfreado e a vida vazia de toda uma sociedade. Reflexo dos nossos tempos atuais. Outra coisa o livro é superior a qualquer versão cinematógrafica.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

COMO OZ CHEGOU A SER OZ?


Reafirmo o que disse em outros textos dentre as artes o cinema é o meu melhor remédio, minha maior influência e minha melhor inspiração. Ontem após um dia nebuloso resolvi ver o mundo se tornar colorido através das lentes do Mágico de Oz (1939). Percebi o quanto que os personagens do filme serviram de estereótipos para mim, para as culturas de massa, para a nossa contemporaneidade, em especial a bipolaridade entre o que seria o bem e o mal. Me fez muito bem ver o pulsante cenário em Tecnicolor, com suas flores de plástico seu horizonte pintado, suas fumaças amarelas, sua cidade das esmeraldas reluzentes.


Aprecio filmes em que a história apresente boa longevidade e quanto a isso Oz cumpre bem o seu papel. Para mim é o equilíbrio entre infância, diversão e uma bela mensagem da universalidade do amor, do apego a terra natal e a família. Vendo o filme com meus olhos de adulta percebo que Judy Garland, empresta a Dorothy um olhar amoroso e cativante, que nos faz acreditar que realmente ela conseguirá voltar para casa. Minha cena preferida, talvez uma das melhores de todo o cinema é quando ela, já com os indefectíveis sapatos vermelhos segue obstinada o caminho de tijolos amarelos em busca de seus objetivos.



Não me incomoda a inspiração teatral do filme, me admiro como uma técnica nova na época como o Tecnicolor foi tão bem empregada. É tudo absurdamente bonito. A bondade de Dorothy em ajudar os que encontram em seu caminho (Espantalho, Homem de Lata e o Leão) é universal e a ideia que é preciso acreditar em si mesmo não envelhece. Considero um dos melhores filmes já feito, provando que um filme infantil não precisa ser necessariamente tolo para divertir. A bela mensagem e as excelentes interpretações ainda terão denso significado por muito tempo, tanto para a história do cinema, quanto para expectadores de todas as idades.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

PARIS-MANHATTAN: CATIVANTE FILME DO CINEMA FRANCÊS



 Vi Paris Manhattan (França-2013) de forma totalmente despretensiosa e reafirmo minha impressão de que a França se impõe com sua política cultural de ideias indo além de um pretenso valor comercial. A diferença com os EUA é que arte não é comércio no cinema francês, mesmo que seja muito difícil de se seguir essa matriz de produção. Paris Manhattan é um filme incompreendido por parte da crítica que não legitima seu verdadeiro valor.


O filme é uma obra cativante porque homenageia o cinema francês, Wood Allen, o grande cineasta estadunidense e exalta o papel do romance na vida das pessoas. Alice (Alice Taglioni) é uma farmacêutica que não tem sorte no amor e para curar suas carências é viciada nos filmes de Wood Allen, na verdade ela se sente como se recebesse conselhos do cineasta e esses conselhos são baseados em diálogos de filmes seus. Adorei a ideia de colocar a personagem como uma farmacêutica-filósofa que receita filmes de Allen para curar solidão, traumas e outros problemas de alguns clientes.



É um filme simples mais valoroso, que trata da solidão do amor. Os pais de Alice sofrem juntos e silenciosos a doença da mãe. A irmã mais nova vive um estranho casamento. O romance de Alice e Vítor (Patrick Bruel) começa de forma tumultuada e evolui de admiração para amizade e finalmente paixão que se consolida com a presença inesperada do próprio Wood Allen. A cineasta estreante Sophie Lellouche produziu um filme simples mais cativante e o segredo pode ser a sinceridade com que trata seus personagens. Belo filme que transcede a produção meramente mercadológica.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

MEMÓRIAS DO CÁRCERE DE GRACILIANO RAMOS


            Nos 60 anos da morte de Getúlio Vargas pensei em ver um dos episódios mais sombrios do seu governo a prisão do literato Graciliano Ramos, reproduzida com base no seu livro Memórias do Cárcere levado ao cinema pelas hábeis mãos do cineasta Luís Carlos Barreto e estrelado por Carlos Vereza em 1984. O filme dura três horas e sete minutos e exibe as humilhações sofridas por um homem detido sem processo sob suspeita de ter participado da Aliança Nacional Libertadora, a frente ampla organizada para combater as sombras do fascismo que Getúlio ameaçava projetar sobre o país.


            A via crucis de Graciliano começa na noite de 3 de março de 1936 quando ele aguardou paciente em sua casa com a esposa e os filhos esperando para ser preso. Graciliano passou pela Colônia Penal de Ilha Grande onde conviveu com assassinos e delinquentes comuns e na Casa de Detenção onde conviveu com intelectuais e militares de alta patente. Presenciou as atrocidades da ditadura getulista, como a deportação de Olga Benário Prestes, que também estava presa na ala feminina na Casa de Detenção, grávida de oito meses. Olga mulher do comunista Luiz Carlos Prestes morreria num campo de concentração nazista.


            O filme pretende ser uma elegia a liberdade e mostrar o cárcere como uma metáfora da sociedade brasileira. Revelando uma cadeia no sentido mais amplo, a cadeia das relações sociais e políticas que aprisionam o povo brasileiro. O filme baseado na obra homônima de Ramos contribuiu imensamente em ajudar que o Estado Novo fosse visto erroneamente, já que as pessoas tendem a ver o segundo Vargas, aquele da década de 1950. O texto de Graciliano Ramos muito bem adaptado no filme é de uma limpeza formal absoluta e constitui um documento político de inestimável valor.
           

terça-feira, 12 de agosto de 2014

MEIA NOITE EM PARIS DE WOOD ALLEN


            Meia Noite em Paris (2011) é daqueles filmes que emanam toda a magia e sedução do cinema. Wood Allen chega a Cidade Luz para contar a sua mais bela história de amor em anos não tendo medo de carregar nas tintas do realismo mágico. Seu alter ego chama-se Gil (Owen Wilson), um roteirista norte americano frustrado noivo de Inez (Rachel McAdams), que pretende morar em Paris, mas ela discorda totalmente da ideia. A Cidade exerce um fascínio tão grande sobre Gil que ela acaba fazendo uma viagem aos anos 1920 e lá encontra os principais escritores e artistas da época, além de encontrar a si mesmo.



            Nessa viagem aos anos 20 ele encontra de forma casual os escritores F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, o músico Cole Porter, o pintor Pablo Picasso e o cineasta Luis Buñuel, entre outros. A naturalidade dos encontros é o elemento cômico do filme, mas Allen pretende encantar muito mais do que fazer sorrir. Quando ele mostra os consagrados artistas em seus aspectos mais humanos invejosos ou envolvidos em enlaces amorosos. Vê-los como pessoas comuns, é aí que está o encanto da película, de forma simples sem necessidade de efeitos especiais. 


            Paris é o cenário perfeito para essa história ser contada, com a preservação de antiguidades e palco de diversas manifestações e movimentos artísticos. Marion Cotillard é quem faz a melhor atuação do filme na figura da bela Adriana uma moça dos anos 20 estudante de Alta Costura que seduz Gil, teria servido de modelo para um quadro de Picasso e atrai olhares do seu mundo de convívio. Adriana e Gil vivem uma história de amor que parece impossível, mas acredito ter sido possível porque a partir do encontro dos dois é que eles se encontram, mesmo em mundos e épocas diferentes.



            Gil é um homem inseguro, indeciso, mas que sabe o que quer da vida. Escrever um romance, deixar de escrever roteiros de cinema e morar em Paris. E ele escolhe ficar, na cidade encantadora mesmo quando está chovendo onde cada esquina serve de inspiração artística seja para pintores, escritores ou cineastas. Filme adorável de magnífica inspiração.