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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

APARÊNCIA CORPORAL: UMA NECESSIDADE DA CONTEMPORANEIDADE





Vivemos em um momento histórico em que a valorização da aparência e do corpo se apresenta em seu período mais crucial, onde o investimento na imagem baseada na aparência é tema central de debate. A precariedade da carne com o envelhecimento progressivo e o descarte de produtos que alimentam a cadeia da aparência, permeiam o imaginário social relativo ao descrédito com o corpo real e com uma aparência menos elaborada.


            A busca na atualidade é por um corpo perfeito onde a aparência trabalhada na aquisição do consumo, é o local de expressão da felicidade e da representação da identidade social, caminhando tudo para a lógica da mercadoria do sistema capitalista. Vivemos em uma época em que o corpo além de ser cultuado é coisificado, a TV, o cinema, a medicina, a publicidade, a moda, os esportes asseguram seu sucesso, sua valorização, e colocam a aparência corporal como núcleo do glamour, da prosperidade, da saúde e da felicidade humana.


            Esse entendimento é contraditório com a realidade cotidiana que se apresenta de forma instável, caótica e incerta. A contemporaneidade apresenta um cenário de desemprego, violência, miséria, doenças, crises econômicas e ecológicas. A realidade do mundo da fama e o espetáculo das imagens contribuem para que o próprio corpo seja considerado a única coisa que resta ao ser.


            A reflexão em torno da temática da aparência se mostra mais relevante se for levado em consideração os indícios que a sociedade contemporânea capitalista apresenta em toda parte, com a crescente obsessão pelo corpo, a aparência e a imagem que será projetada a partir disso. Não se trata de qualquer corpo, mas de um fabricado, construído, que apresente uma saúde perfeita. A aparência tem que ser fundamentada além do básico e o que passa a valer é a uniformização de produtos que representem luxo e glamour. A moda é a padronização dos usos desses produtos que constroem a aparência calçada na cultura do consumo.


            Nesse sentido, a cultura da aparência ganha espaços significativos na contemporaneidade, através dos meios de comunicação. O assunto circula na pauta de jornais e revistas, encartes de cultura e programas publicitários. Além disso, a obsessão atual pela construção da aparência como resposta a instabilidade, fragmentação e efemeridade marcam a vida social, ajudando no entendimento da centralidade assumida pela cultura da aparência na sociedade contemporânea. Neste sentido, a mídia é um elemento influenciador, pois apresenta um desejo de modelo corporal dito ideal. A preocupação com a aparência atinge traços de obsessão e está cada vez mais enraizada em todas as profissões e idades.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN





Quem disse que o cinema europeu não pode ser leve, divertido, bonito, instigante se engana ao ver O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, é o tipo de filme que você tem vontade de chamar todos para verem como você de sua mãe ou tia a seu companheiro amoroso. O roteiro é relativamente simples Amélie é uma menina do subúrbio que cresce isolada porque seu pai acredita que ela tem um problema no coração, não frequentando a escola nem convivendo com outras pessoas, a mãe morre durante a sua infância e ela passa a viver sozinha com o pai.


Na maioridade Amélie se muda para Montmarte e vira garçonete do bar Dois Moinhos, um dia no seu apartamento encontra uma caixa de brinquedos de um antigo morador, perdida a 40 anos e decide procura-lo para entregar o que acredita ser um tesouro da vida daquela pessoa, ao entregar os pertences ao dono e perceber o quanto ele se emociona Amélie muda sua visão de mundo, e decide praticar o bem de forma indistinta através de pequenas ações e tornar as pessoas com quem convive mais felizes, até ela própria se descobrir apaixonada e ver que para ter chance de ser feliz também precisa se permitir correr riscos.


O filme é expressivo através dos olhos do personagem somos levados a uma Paris peculiar onde cada recanto tem sua importância, seu valor, os personagens são deliciosamente caricatos, como a hipocondríaca, o vendedor de frutas, a zeladora do prédio e o pintor com os ossos de vidro. As figuras de linguagem como metáforas e metonímias são dignas de aplausos e dão ritmo e charme ao compasso dessa irresistível  comédia romântica.


O olhar expressivo de Audrey Tatou nos hipnotiza e dá a ideia de que o mundo pode ser um lugar melhor para se viver, lembro que vi o filme pela primeira vez a uns quatro anos e tive a sensação de está dentro de um mundo diferente, os elementos colocados no filme são estetizados e harmonizados de modo a passar quase que despercebidos pelo olhar do espectador, a fotografia causa estranhamento e aproximou minha visão de um conto de fadas moderno.


Acredito que o filme é um sucesso pelo seu olhar transcendental do mundo, o olhar de que é sempre possível melhorar, de que ajudar ao outro pode ser uma alternativa, e que a partir dessa ajuda você possa modificar sua própria vida. E no fim o espectador tem uma alternativa sorrir se encantar e mergulhar no conto de fadas moderno da Amélie Poulain que encontra um amor por quem se apaixona a primeira vista e mostra que viver de forma simples e despretensiosa vale muito a pena. 

domingo, 9 de junho de 2013

PORQUE VER JANELA INDISCRETA




Ver os filmes de Hitchcock por se só já trazem um alto grau de satisfação cinematográfica se for protagonizado por Grace Kelly então, melhor ainda. Janela Indiscreta (1954) faz parte daquela lista de filme que deveria ser imprescindível de ver, de início impressiona como um cenário simples se transforma ao longo da trama em um ambiente de tensão, suspense e medo.


A história gira em torno do fotógrafo profissional acidentado Jeff interpretado por James Stuart, influenciado pelo ócio do dia passa a observar os vizinhos de sua janela até se convencer que um deles o vendedor de bijuterias matou a esposa enferma, dessa forma tenta provar isso para sua namorada Lisa (Grace Kelly) e um amigo detetive.


Somos no filme mais voyeurs do que em qualquer outro que possamos imaginar, como espectadores temos a exata visão do que o protagonista está vendo através do seu olhar, com a câmera centrada de forma subjetiva, é a temática da vida alheia que fascina e impressiona com diversos tipos e sub tramas dos vizinhos do protagonista. Temos a bailarina, a moça solitária, o pianista, o casal recém casado, o casal com o cachorro, a artista plástica e o vendedor suspeito do assassinato.


O filme se passa lentamente, e as suspeitas de Jeff parecem infundadas até quando um grito surpreende com a morte do cachorro, indicando que algo tem fundamento. Janela Indiscreta apresenta elementos típicos da obra de Hitchcock, como a fotografia sequenciada, o uso da tele objetiva pelo personagem com luz somente nos olhos do assassino deixando-os mais ameaçadores, além das sombras que desenrolam as cenas finais.


Penso que esse filme traduz o que é a experiência do cinema para todos nós ao que parece quanto mais ele observa a vida dos vizinhos, mais se identifica com a sua própria vida, quando contesta os benefícios do casamento, desse modo, imagino quais as medidas que utilizamos na nossa vida, observando a vida dos outros? Para mim a grande mensagem do filme é que o  cinema é realmente uma janela não para os outros, mas para nós mesmos.