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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

FILOSOFIA E PENSAMENTO FILÓSOFICO



Comecei um curso de filosofia a alguns dias e algumas pessoas me perguntaram para que serve? Daí eu mesma me perguntei para que serve a filosofia hoje? Se a medida de todas as coisas é a praticidade imediata, o pragmatismo. Na contemporaneidade a filosofia parece anacrônica e nonsense, mas isso não é uma responsabilidade da filosofia, mas da nossa época.


Há tempos que pensar é considerado desimportante, o mundo ideal tem necessariamente uma finalidade prática. Talvez uma das dificuldades para se fazer filosofia é o fato que independe da vontade o amor ao saber. A filosofia envolve a nossa capacidade de sentir de sermos tomados por afeto. E isso desconstrói a ideia recorrente de que filosofia é algo altamente intelectualizado, voltado apenas para a racionalidade ou a erudição.



Pensar pode ser arriscado e o grande perigo é você perder a segurança sobre certas verdades. Nessa época de relativismo em diversos campos do mundo social, uma das tarefas da filosofia é mostrar que é possível a construção de novos paradigmas. A crise da nossa época aponta que o olhar de admiração do filósofo está em processo de extinção. A filosofia nos mostra que o mundo é agressivo, e como elemento norteador que nenhum princípio é inquestionável. O estranhamento do mundo ainda é a grande jogada da filosofia. 

terça-feira, 3 de junho de 2014

METRÓPOLIS O MELHOR DO CINEMA MUDO


Metrópolis (1927) está na lista dos filmes imperdíveis para o mundo do cinema. O filme do alemão Fritz Lang nos envolve num sinistro feitiço do início ao fim, tem um enredo que desafia o senso comum, e a descontinuidade é uma das suas premissas. Considerado como o grande o primeiro grande filme de ficção científica, fixou para o resto do século a imagem da cidade futurística, com o inferno do progresso da ciência e da falta de esperanças para a humanidade.



O laboratório de seu gênio, o diabólico Rotwang, criou o visual de enlouquecidos cientistas para as décadas que se seguiram. E a invenção da falsa Maria, o robô que lembra os seres humanos inspirou uma outra sequência de filmes. A mensagem oculta mostrada no filme é poderosa: ciência e indústria serão as armas dos demagogos. O filme de Lang é o ponto culminante do expressionismo alemão, a combinação de estilizados cenários, dramáticos ângulos de câmeras, sombras audaciosas e performances propositadamente teatrais.



A história, é sobre uma enorme cidade, cujas duas metades- os badalados cidadãos da superfície e os escravos de suas profundezas- não se conhecem mutuamente. A cidade é administrada por Jonh Frederson, um despótico homem de negócio. Seu filho Fred está em um jardim dos prazeres quando Maria, uma mulher do mundo subterrâneo, traz para a superfície um grupo de filhos de operários. Fred, atraído pela beleza de Maria e atônito com a situação dos operários vai para a superfície conhecer os segredos do mundo inferior.



Lang apresenta sua história com cenas de assombrosa originalidade. Considerando a primeira visão da fábrica subterrânea, com os operários se esforçando para movimentar pesados objetos manuais, mostrando-os controlados como os ponteiros de um relógio. Para apreciar o filme o espectador não pode pensar em simplesmente assistir, mesmo quando o roteiro parece a deriva, em nenhum momento o filme perde sua autoconfiança.




O resultado para a época é assombroso. Sem qualquer dos truques digitais de hoje em dia, Metrópolis enche a nossa imaginação. O filme é tão importante para a nossa construção visual que cria um tempo, um lugar e personagens que se tornam parte do nosso arsenal de imagens para imaginar o mundo. As ideias de Metrópolis foram absorvidas por tantas vezes em nossa cultura popular, que as suas horríveis cidades futurísticas são quase um fato consumado. Filme seminal para a nossa cultura e a história do cinema.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

MANDELA: O ARQUÉTIPO DA ESPERANÇA




Jung o mais famosos discípulo de Freud determinou que os símbolos coletivos emergem na medida em que as situações vividas por um só individuo nunca são completamente únicas. Mandela, que em vida foi considerado terrorista e subversivo por nações como os Estados Unidos e Inglaterra, emerge com sua morte como o arquétipo universal da pessoa injustamente condenada que teve a grandeza de sentimento de não guardar magoas ou rancores.


Depois de passar 27 anos na prisão e ser eleito presidente da África do Sul em 1994, lembro do acontecimento nas páginas da revista Manchete que vinha semanalmente para minha casa e de um primo falando que o seu grande desafio era transformar uma sociedade estruturada na suprema injustiça do Apartheid, perguntei o que era, e daí esse acontecimento nunca mais saiu do meu inconsciente particular, imaginava como um povo poderia desumanizar uma maioria negra condenando-os a ser não pessoas. Coube a Mandela o desafio de recriar uma nação democrática e livre.


Ao escolher perdoar, ele foi na contramão da nossa cultura individualista e marcou a condenação moral de uma sociedade exclusivista. Esse perdão cala fundo no nosso imaginário coletivo, o que geralmente não fazemos ele foi capaz de fazer. A imprensa mundial e os futuros manuais escolares o elegerão como o arquétipo da paz e isso chega a ser consolador e renova os nosso votos de um futuro melhor, porque temos chegado a um núcleo central de uma conjunção de crises que pode minar o nosso futuro como espécie humana.


São tempos de desespero, barbárie e desesperança, as questões ambientais, só para ficar com um exemplo, atingiram níveis insustentáveis biólogos nos advertem que se as coisas continuarem como estão em 2030 viveremos um processo devastador. O crescimento econômico não está aliado ao desenvolvimento cultural, social e espiritual. Acreditar no contrário é uma ilusão.


Mandela com sua figura em defesa da democracia e dos direitos humanos, alimenta a nossa esperança de que o ser humano possa se reconciliar consigo mesmo, e que possa conviver conjuntamente de forma harmônica na mesma casa que é o nosso planeta. Para mim seu maior legado é o de esperança, que possamos viver numa realidade sem discriminações, e com a minimizações das injustiças sociais. 

sábado, 16 de novembro de 2013

BAUDELAIRE CONTINUA ATUAL



Revendo o relevante texto As Flores do Mal de Charles Baudelaire, vejo o quanto este continua atual no mundo em que vivemos. Em tempos de Internet e redes sociais, o aspecto da formação da pessoa humana deixa a desejar. A tecnologia ameaça nos isolar das interações mais verdadeiras, a efemeridade da vida atua criando uma agonia em grande parte da população, as quais vivem na razão de submissão a vida, encontrando saídas no fictício cyber espaço e criando angústias das mais diversas naturezas.


Em As Flores do Mal Baudelaire, antecipa essa angústia que a modernidade traz para a vida do homem, percebemos nos poemas sua insatisfação em relação ao progresso da Modernidade, e a substituição do homem pela máquina, o que levava o homem moderno a pensar que estava perdendo a sua própria identidade. O homem moderno estava perdido em sua época, valendo-se de várias identidades para sobreviver.


Para Baudelaire, a modernidade é a reconstrução e a afobação da humanidade na grande metrópole de Paris. Nada para ele é mais moderno do que a vida nas grandes cidades. O que seria então essa modernidade para o poeta? Seria a ideia de conflito, pois, provoca angústia e perda de aceleração, e é aí que reside o centro de aceleração cotidiana da vida moderna.


Baudelaire não vivia nos salões nobres de Paris, mas na vida boêmia francesa, carregada de extravagancias e conflitos que marcou a existência de sua época. Contudo, é considerado um dos maiores pensadores franceses de todos os tempos. Pela sua ousadia, tornou-se modelo para o século XX, influenciando as poesias de cunho simbolista.


Para ele o principal motivo de angustia do homem, é a fragmentação que ele está se deparando por consequência da modernidade. Nosso poeta é tão atual que acreditava que o avanço do moderno no século XIX, tinha rompido o laço de confiança das relações intrapessoais, tudo ficou muito passageiro, artificial, os homens têm medo de se relacionarem com os outros, porque se sentem fragmentados diante das grandes cidades.


Com sua poesia ele mostrou as divergências que a Cidade Luz oitocentista  estava passando, com o belo e o feio, as diferentes classes sociais dividindo o mesmo lugar. Acredito que Baudelaire é pertinente a nossa contemporaneidade e as nossas angústias, uma vez que temos a facilidade de observarmos com facilidade todas as transformações que ocorrem ao nosso redor, não cultivamos mais nossas reflexões, mas, nossos bens materiais, não buscar mais o flâneur pelas cidades, mas pelas vitrines das lojas de grife, assim, percebemos que o nosso flâneur está invertido não queremos refletir, mas possuir.


Seja pela nossa ânsia de nos comunicarmos por meio da comunicação virtual, seja por nossa necessidade de consumir, a angústia moderna permanece, como podemos ver nesse trecho: Sou como o rei sombrio de um país chuvoso, Rico, mais incapaz, moço e, no entanto idoso, [...] Não sabem mais que traje erótico vestir Para fazer este esqueleto enfim sorrir / O sábio que ouro lhe fabrica desconhece
Como extirpar-lhe ao ser a parte que apodrece, [...] (BAUDELAIRE, 1985, p. 295).


Nesse trecho fica evidente a fragilidade do homem moderno que tem tudo, mas não tem nada, sendo jovem percebeu-se idoso porque não pode atuar, as máquinas tomaram o lugar dos trabalhos artesanais. O homem da modernidade é o da incerteza do vazio que o norteia, das aparências que cultiva. O homem contemporâneo, vive de valores efêmeros, fragmentação, angustia existencial, daí, reside a atualidade do pensamento de Baudelaire.