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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O ESVAZIAMENTO DA POLÍTICA


            Para o grande historiador Erick Hobsbawm o século XIX terminou somente em 1914 com a Primeira Guerra Mundial e o século XX bem antes do seu fim cronológico em 1989 com a queda do Muro de Berlim. Dos escombros do Socialismo surgiu um novo mundo, a nossa contemporaneidade que muitos chamam de pós modernidade. Que seria uma nova forma de manifestação da velha modernidade racionalista, centrado sobretudo, na dispersão e na multiplicidade de interesses os mais variados possíveis.


            Uma das mais fortes manifestações da nossa era contemporânea é o esvaziamento da política. Não se pode pensar mais em classes, agora o que existe são categorias. Aquele sujeito revolucionário da segunda metade do século XIX e XX não comparece mais a história. O sujeito contemporâneo não faz política revolucionária, seu maior objetivo são seus interesses pessoais, defende apenas a sua causa seja ela, racial, sexual, religiosa entre outras.


            Nas eleições presidenciais desse ano isso se torna cada vez mais claro, é o esvaziamento do debate, das questões concretas, do interesse coletivo, cada um defende o seu quinhão a sua gleba na Terra de Santa Cruz. São sintomas de uma era em que a aparência se sobrepõem a essência, de relativismos exacerbados, onde as lutas de classes foram suprimidas, pela dispersão relativa do “olhar” pessoal de cada um sobre os assuntos da sociedade.



            A cultura pós moderna contemporânea tem a tendência a transformar o mundo num sistema de símbolos, promovendo um caldo ideológico capaz de falsear a realidade. Pelo andar da carruagem vemos que a pós modernidade é uma época neo conservadora, pelo menos no campo político. As transformações de tempo e espaço conduzidas pela revolução do mundo virtual não conseguiram avançar no mundo político.

sábado, 6 de abril de 2013

SOBRE A REPÚBLICA




            Quando criança vivi numa família que assumia cargos políticos em minha cidade, cresci ouvindo meu pai dizer que fazer política era servir ao bem comum, achava aquilo tão bonito que me fascinava sobremaneira, quando descobri que vivia num regime chamado República fiquei orgulhosa em saber que  significava o governo de todos e estava relacionada a coisa pública.


            Com o tempo vi que existia uma discrepância entre os fundamentos teóricos e a prática, principalmente no Brasil, onde a República foi instaurada através de um golpe defendendo interesses de poucos e não do povo propriamente dito. Mas a virtude republicana corresponde ao meu ideal político. Cada vida encarna a dignidade  da pessoa humana que se encontra acima de tudo e de todos os outros interesses.


            Qualquer prática que defenda interesses particulares degenera o ideal republicano. A pessoa humana livre, criadora e sensível é quem detém o poder de escolha dos sistemas, mas efetivamente na prática as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de imbecilidade e embrutecimento. Mas creio profundamente na humanidade. Sei que o câncer que corrói os interesses públicos colocando-os abaixo dos particulares há muito deveria ter sido extirpado.


            E quem são os culpados? Na atualidade são vários: sistema de ensino, imprensa, mundo dos negócios, mundo político. Tenho forte amor pela justiça e pelo compromisso social e cada vez mais o cenário de nossa era é difícil em tempos em que a humanidade se apaixona por finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória e o luxo. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

SOBRE POLÍTICA, CARNAVAL E DEMOCRACIA.




Dizem que o homem é um animal político por excelência, na escala evolutiva da história foi preciso que ele se agrupasse com outros de sua espécie para que pudesse ser mais forte, já que era o mais fraco em constituição física dentre os animais da natureza. Esse sentimento de agrupamento é responsável por criar os grupos sociais e com eles a sociedade como um todo.


Como o homem não é autárquico necessita de uma garantia exterior a ele enquanto individuo é aí que entra a política, como instrumento capaz de normatizar a vida em sociedade, e que busca como fim último a felicidade comum. Acredito que esse conceito na prática é imensamente deturpado, entendemos contemporaneamente política somente na dimensão da administração pública executada por gestores a quem damos titularidade para administrar os interesses da coletividade.


Democracia seria esse regime de governo em que as pessoas, o povo, é o responsável por tomar decisões relacionada aos interesses de todos. No caso do Brasil, vivemos numa democracia indireta na qual os representantes são eleitos pelo povo, como tido para atender os interesses da coletividade.


Ontem fui ver uma manifestação de candidatos a eleição municipal da chapa governista. E fiquei indagando sobre esses conceitos. Me vi na Roma Antiga em que os interesses de uma casta privilegiada daqueles que são amigos do poder sempre prevalecem em detrimento dos interesses do povo. Vi várias pessoas com interesses claramente pessoais e cada um defendendo o seu terreno, a bandeira coletiva que se torna individual. O curioso é como o povo, a maior parcela dos participantes, entram como autômatos nessa marcha, dançam, cantam se entusiasmam e imaginam que a vida pode melhorar, mas o triste é que a vida melhora sim, mas para os amigos do poder.


Uma coisa bem particular do Brasil é a forma de manifestação pública, afora qualquer conceito sociológico, o povo se entorpece de álcool e entusiasmo carnavalesco, cada um com sua fantasia, seu bloco, seu cordão, seu abre alas. No fim tudo vira um grande carnaval, os candidatos e políticos de maior renome, são os artistas, da festa, o povo a grande massa necessária para o acontecimento e a pequena parcela privilegiada, os verdadeiros donos do poder.