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sábado, 7 de dezembro de 2013

A ESTREITA RELAÇÃO ENTRE COMIDA E FELICIDADE





            A gastronomia nos ensinou que o ato de se alimentar é mais do que nutrir o corpo, foi a partir desse fundamento que começaram a ser cultivado os banquetes, para deleite dos prazeres o que iria além do simples ato de alimentação. Vetel possível inventor do creme Chantilly quis morrer por causa da gastronomia. O príncipe de Condé o encarregou de preparar uma festa para 3000 comensais em homenagem a Luiz XIV. Quando Vetel descobriu que os peixes para o almoço não chegariam a tempo preferiu a morte a servir um jantar ao rei sem peixes em uma época do ano que os cristãos não comiam carne.


            Carême escreveu sua explicação para o surgimento da grande cozinha relacionando que a apresentação dos pratos era tão importante quanto o seu sabor. O creme com Chantilly, por exemplo, foi criado a pedido de Napoleão Bonaparte para lembrar a honra e o sangue dos seus soldados sobre a neve russa. Na verdade quando a Europa começa a se tornar refinada nas maneiras e no desejo e  a cultivar o exotismo, lá pelo século XIX é que se começa o consumo de chocolates e cafés e a criação de locais próprios e rituais para isso.


            É desse período a ideia de como sentir da melhor forma possível o gosto dos alimentos e de considerar a gastronomia como o fim de todas as coisas humanas, dando ênfase aos sentidos, pois estes seriam tão importantes a ponto de nos diferenciar de estatuas de mármore. O gosto para os gastrônomos desse período, seria o mais importante dos sentidos, pois através dele tomamos conhecimento da realidade. Esse gosto seria excitado pelo apetite, pela fome e pela sede.


            Sendo assim, quando  inicia a capacidade cultural de se alimentar superando meramente a natural de satisfação das necessidades biológicas? Inicia-se com o surgimento da arte de se alimentar, embora nem todos estejam aptos de retirar do alimento todo o prazer que dele pode decorrer, porque a sensação de prazer só é conseguida se for incorporada a reflexão do espírito. Além da questão do tempo na degustação do prato, pois os que comem depressa não conseguem classificar por ordem de excelência as diversas substâncias submetidas ao seu exame.



            A sensação de felicidade à mesa se dá somente de forma refletida, e portanto, com a intervenção do tempo e da contemplação, que passamos do ato animal de nos alimentar para o ato propriamente humano de comer. Além de ser o homem o único ser capaz de domesticar seu alimento, de alterar a sua natureza, de modo a produzir novos sabores e se satisfazer com eles. Comer tem no homem uma função, sobretudo, civilizadora. E a gastronomia surge exatamente quando o homem busca satisfazer esses sabores complexos.


            O que é considerado então para que se tenha uma boa mesa? Comida ao menos passável; bom vinho; comensais agradáveis e tempo suficiente.  Eu particularmente acredito que o segredo da gastronomia é um só, o caminho para que o homem possa ser feliz comendo.