Mostrando postagens com marcador feminismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador feminismo. Mostrar todas as postagens

sábado, 26 de julho de 2014

MULHER OBJETO


Ontem fui à farmácia, vi um cartaz bem interessante. Uma mulher nua em tamanho natural entre as gôndolas da farmácia. A imagem não choca os compradores, nem as compradoras de aspirina, em seu corpo há pequenos botões que reproduzem um sofá capitonê, ela é metade mulher, metade objeto. Daí pensei deixar de ser pessoa é muito fácil. Biografias, amores, medos, conquistas profissionais, nada garante acesso permanente a categoria de pessoas.



No Segundo Sexo Simone de Beauvoir já tinha nos avisado que não se nasce mulher, torna-se. Mas eram perigos mais abstratos que a preocupavam. Para tornar-se e manter-se mulher hoje é necessário, antes ou no mínimo, ser jovem, ou parecer jovem. E para isso existem botox, fios, incisões, cânulas, sugadores. Existem cirurgiões, dermatologistas, nutricionistas, preparadores físicos, massagistas e um público ávido por isso.


Todas queremos, é claro, ser jovens e bonitinhas. E todas somos pessoas não importa se velhas ou feias, mas há quem não saiba disso. Algumas se orientam por cartazes de farmácia ou por uma infinidade de assuntos semelhantes que se perdem no caminho. Há histórias drásticas de mulheres que não conseguiram enxergar a imagem completa e se tornaram só uma parte dela. Pernas, bundas, bocas ou olhos azuis.


São tempos passivos em matéria de reivindicação da mulher. É significativo que uma mensagem publicitária se permita espetar botões de estofado num corpo feminino. Talvez não fosse tão tranquilo tratar assim o corpo de um gay ou de um negro. As voltas com reclamações urgentes não tem a mesma paciência com brincadeiras de mau gosto e não se deixam desrespeitar com tanta docilidade. Nossas ancestrais feministas, como Simone de Beauvoir, nos anos 40, Betty Friedman, nos anos 50, Carmen da Silva, nos anos 60, Gloria Steinman, nos anos 70, só para ficar apenas nas clássicas, mereciam um público mais grato a seus esforços.


segunda-feira, 30 de junho de 2014

SIMONI DE BEAUVOIR: O QUE É SER MULHER?


Conheci a obra de Simoni de Beauvoir a muito tempo quando estava na faculdade de Serviço Social em especial O Segundo Sexo, lançado em 1949. Penso que seu texto continua tão atual quando da data de seu lançamento. Trazendo a máxima o que é ser mulher? que continua sendo uma pergunta atual, que deve ser feita por todas nós em algum momento da nossa vida. Ela tem uma das principais frases do movimento feminista não se nasce mulher, torna-se mulher.



A mulher não tem um destino biológico ela nasce numa cultura que define seu papel dentro da sociedade. Durante muito tempo as mulheres desempenharam o papel de mãe e esposa ocupando espaços como o casamento ou o convento. O interessante é que a própria Simoni, de origens burguesas, rompe esse papel ao se negar a ter um casamento arranjado e opta por uma vida de sucesso acadêmico.




O Segundo Sexo é uma obra de inspiração para conhecer o processo de construção em que as mulheres são criadas para ser inferiores aos homens. Acho que sua obra continua atual porque propõem a discussão democrática e a ruptura das estruturas psíquicas, sociais e políticas de um modelo de mulher pré- determinado. Trazendo para o debate o mais importante princípio: como as mulheres se enxergam? Seu trabalho jogou luz para a causa feminista. Hoje as mulheres podem ser o que desejarem independente das convenções sociais e dos modelos pré estabelecidos, embora ainda tenham que lutar para desmontar o preconceito das estruturas psíquicas da sociedade. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

BERNARD SHAW UM FEMINISTA CÍNICO


            Conheci a obra de Georg Bernard Shaw (1856-1950) através do filme My Fair Lady estrelado por Audrey Hepburn. Shaw dramaturgo irlandês, enfureceu milhares de mulheres em várias gerações. Em definições como: cabe a mulher casar cada vez mais cedo possível e ao homem ficar solteiro o maior tempo que puder. Frases como essas levaram muitos a classifica-lo como machista e misógino. O que não sabiam é que, ao contrário, Shaw era um defensor dos direitos das mulheres, e que suas declarações não passavam de ironia com o acomodamento feminino em relação aos homens.


            Escrita em 1913 Pigmaleão, obra em que se baseia My Fair Lady, enfureceu milhares de várias gerações. Ainda assim a história da jovem florista Eliza Doolittle, humilhada e submetida a todo tipo de tormento pelo grosseiro e intolerante Henry Higgins, é um dos maiores sucessos de Shaw. A peça foi encenada diversas vezes, com a versão cinematográfica estrelado por Hepburn ganhou nada menos oito Oscars.


            Bernard Shaw conhecia muito bem o mundo de Eliza, já que ele vinha de uma família humilde de Dublin, na Irlanda. Com 20 anos, mudou-se para Londres onde deu início a uma carreira brilhante como crítico cultural. Sua marca principal era a polêmica. Sempre com argumentação segura seus ensaios iam de críticas a Shakespeare até defesas ferozes do vegetarianismo. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1925, mas recusou o dinheiro.