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segunda-feira, 21 de julho de 2014

A ARTE DO ESQUECIMENTO


            Se procurarmos o significado da palavra memória encontraremos que se trata de uma faculdade que retém conhecimentos e experiências passadas. Esquecimento por oposição é a incapacidade de reter informações, com um certo descontrole. Por causa da nossa necessidade de controle acabamos valorizando mais as lembranças do que os esquecimentos. Uma agenda de esquecimento seria um empreendimento paradoxal, pois o esquecimento não permite listas, planos, ou cronogramas. Por que então querer esquecer?


            A vantagem de olhar para o passado é a oportunidade de compreender e experimentar esse passado como nosso. Em geral tendemos a olhar para a história como um processo onde não temos nenhuma participação. Olhar para o passado nos ajuda a lembrar que somos também a nossa história. Isso só é ruim quando feito de forma excessiva. Supervalorizar a memória pode, às vezes, significar falta de perspectivas para o futuro. Para o futuro se realizar é preciso as vezes esquecer o passado. O esquecimento é condição de possibilidade de tudo o que é grande, saudável e nobre no homem.



            Saber selecionar o que deve ser esquecido para poder se concentrar no que pode ser realizado, eis o segredo das grandes ações humanas. Parece que nossa época está sofrendo de um excesso de sentido histórico de um exercício desmedido de memória. Um homem que nunca esquecesse ficaria doente e enfraquecido. Esquecer não significa simplesmente apagar da mente e da vista, mas ter a força de recriar a memória de reinventa-la, libertando-se das interpretações oficiais e canônicas e partindo para a criação. A memória pode até ajudar a conservar a vida, mas só o esquecimento pode contribuir com a sua regeneração.