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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A VAIDADE DE SER HUMANO DEMASIADO HUMANO


“Vaidade das vaidades tudo é vaidade”,  a frase do Eclesiastes, livro bíblico do antigo testamento, traduz bem a nossa época, bastante vaidosa. Acho que a vaidade é a mentira que contamos sobre nós mesmos, para não encararmos a nossa verdade. Falar de vaidade exige sinceridade e auto crítica, não há como falar dessa condição tão humana sem falar de si mesmo. Somos inerentemente vaidosos e ao que parece vaidade maior ainda seria se orgulhar de não ter vaidades. A vaidade não se refere apenas a beleza, a aparência, ela é uma máscara ela é o véu sobre o vazio.


A vaidade é cada vez mais presente nesse momento em que vivemos a cultura do espetáculo onde tudo tem que ser grandioso, onde tudo deve chamar atenção. Vivemos em uma época que as pessoas tem blogs com a única finalidade de falarem de si próprias, época em que as pessoas dão informações sobre elas mesmas como sendo algo imprescindível. Cada vez mais se cuida do corpo e da roupa o investimento que as pessoas fazem em cosméticos por exemplo, nunca foi tão grande. O interessante que as coisas da vaidade duram pouco, isso pode ser visto no consumo, logo que uma pessoa consome uma bolsa cara aumenta sua necessidade por outra porque aquela sua necessidade anterior já se esgotou.


A vaidade é uma espécie de bola de sabão faz aquele show todo e depois se esvazia e o indivíduo vai precisar sempre de outra bola e esse movimento é infinito. Então tudo que é sem fim não é fonte de felicidade porque não sacia nunca. A vaidade necessita do aplauso e para eu ser aplaudido tenho que está de acordo com os padrões  da própria sociedade que me observa. Todo indivíduo muito preocupado com a aparência está preocupado com o que os outros vão falar. A vaidade nos enfeitiça e por isso nos iguala.


A vaidade é tão difícil de ser domada que a medida em que progredimos (financeiramente principalmente) vai se tornando cada vez mais difícil encontrar uma certa humildade e o retorno a ideia da tradição religiosa de que ao pó se voltará, que somos insignificantes do ponto de vista cósmico, e que não adianta ficar tão metidos porque nós vamos morrer do mesmo jeito. Assim vamos convivendo na eterna luta com nós mesmos em administrar o nosso nível de vaidade dentro de algo que possa parecer equilibrado, imagino que se quisermos ser saudáveis mentalmente deveremos tirar o público de dentro de nossas cabeças.



Domar a vaidade a um nível aceitável nos afasta da ideia de sermos deuses capazes de carregar a multidão, de agradar a todos. Desmistificando o hábito que as pessoas tem que ouvir e aceitar as nossas verdades. Reitero a ideia pela busca do equilíbrio que é a base das nossas vidas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

OS LIVROS ME SALVARAM


            Antes de conhecer o mar eu já sabia sua cor, como me sentiria lá e as sensações de sua exuberância através da leitura. Antes de entrar em uma universidade já tinha recebido instruções básicas com Platão, Danti Alighieri e Jorge Amado. Nunca tinha namorado, mas achava Romeu e Julieta um casal ansioso demais deviam ter aguardado um pouco mais e não se matado de forma tão precipitada.


            Em minha vida as maiores influências foram do meu pai, dos livros e do cinema. Meu pai foi a mais importante delas, porque com a sua permissão pude desde muito cedo comprar livros, ler em minha casa era coisa sagrada momento que não deveria ser profanado por amenidades da vida. O cheiro mais presente em minha infância sempre foi o dos livros, os novos, os da biblioteca e os velhos que tomava dos primos mais velhos. Eram livros espalhados, deitados, catalogados. Na minha meninice pensava do que deve falar a Divina Comédia? E Macunaíma, é um livro sobre índios? Porque Platão tem grandes barbas brancas?


            Os livros foram meu curso de inglês, minha incursão no mundo do francês, minha viagem a Paris, meu reforço escolar, minha aula de administração, minha cultura geral. Com eles tive assunto em mesas de bar, reuniões de trabalho e encontro de amigos. Agora depois que estou doente tenho certeza que a leitura com afinco melhorou minha memória, reduziu o estresse e combateu uma eventual depressão. A leitura me ajuda a escrever melhor, aguça o meu pensamento analítico e aumenta meu conhecimento.



            Tenho a convicção que existe um livro para cada pessoa, que nos permite viajar pelo mundo, pelo tempo e pelos lugares que nunca existiram. Com os livros é possível aprender sobre felicidade com Aristóteles, sobre o mal com Hannah Arendt, sobre a loucura com Foucault. As vezes tenho vontade de comer um sanduiche com Bukowski, tomar um chá com Virginia Woolf e falar de beleza feminina com Clarice Lispector. Não sou uma pessoa de dá conselhos, nem acredito em modelos de vida, mas para mim o caminho da felicidade passa necessariamente pela leitura.

sábado, 30 de agosto de 2014

O AMOR PLATÔNICO


            A contribuição platônica para o mundo metafísico é uma das maiores contribuições do pensamento do mundo ocidental que explica os muitos porquês presentes no nosso cotidiano. Platão entendia que só através do amor, o homem se organiza, tem sentimentos e desejos de estar bem consigo mesmo e com seus pares. A filosofia platônica tem como relevância a descoberta superior do mundo sensível, ou seja, da metafísica do ser, um mundo para além do físico. O objetivo de Platão é chegar ao conhecimento através da verdade, através de um conhecimento universal.


            No amor platônico o ideal é que o amor molde o caráter, a estrutura social, trazendo o seu maior legado que é o Bem, individual ou coletivo. Ao pensar no amor nos dias atuais é impossível não ver resquícios desse amor platônico que permanece vivo em nossas definições. Por mais que se mudem as palavras o sentido é o mesmo, as características são as mesmas, pois o tempo não muda o ser humano em sua essência. 


            No nosso tempo, o amor é encarado como impossível em meio a essa sociedade moderna, onde é confundido com o ter e não com o ser, mas ainda hoje ficamos perplexos diante da força que o amor pode exercer sobre o homem, sobre a natureza, pois ele nos move para a busca incessante da própria satisfação seja material ou espiritual, base para o bem é uma maneira de expressar a importância de nos mantermos vivos.



O entendimento do amor platônico, nos revela que, através do exercício intelectual, espiritual, material, evoluímos e somos melhorados  na perspectiva do conhecimento, do viver bem, de dentro para fora e vice- versa, na intenção de não guardar, mas expandir e difundir a verdade, dando sendo à nossa existência.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

FILOSOFIA E PENSAMENTO FILÓSOFICO



Comecei um curso de filosofia a alguns dias e algumas pessoas me perguntaram para que serve? Daí eu mesma me perguntei para que serve a filosofia hoje? Se a medida de todas as coisas é a praticidade imediata, o pragmatismo. Na contemporaneidade a filosofia parece anacrônica e nonsense, mas isso não é uma responsabilidade da filosofia, mas da nossa época.


Há tempos que pensar é considerado desimportante, o mundo ideal tem necessariamente uma finalidade prática. Talvez uma das dificuldades para se fazer filosofia é o fato que independe da vontade o amor ao saber. A filosofia envolve a nossa capacidade de sentir de sermos tomados por afeto. E isso desconstrói a ideia recorrente de que filosofia é algo altamente intelectualizado, voltado apenas para a racionalidade ou a erudição.



Pensar pode ser arriscado e o grande perigo é você perder a segurança sobre certas verdades. Nessa época de relativismo em diversos campos do mundo social, uma das tarefas da filosofia é mostrar que é possível a construção de novos paradigmas. A crise da nossa época aponta que o olhar de admiração do filósofo está em processo de extinção. A filosofia nos mostra que o mundo é agressivo, e como elemento norteador que nenhum princípio é inquestionável. O estranhamento do mundo ainda é a grande jogada da filosofia. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

SOBRE A SOLIDÃO


            Talvez a solidão não seja simplesmente falta do outro, mas nada mais do que a falta de nós mesmos. O homem é um ser social que necessita compartilhar sua afetividade, que necessita está com o outro. O ser humano necessita compartilhar, mas para isso é necessário ter algo a oferecer e não simplesmente algo a receber. O homem que não tem vida interior vai esperar que o sentido de sua vida seja preenchido pelo outro. Evidentemente o sentido de sua vida não pode ser preenchido pelo outro tem que ser encontrado por você mesmo.


O isolamento externo nasce do interno, da falta de vida interior, de termos um conteúdo com o qual compartilhar, da falta de um diálogo interno conosco mesmos. Uma das ferramentas filosóficas que se colocam como necessárias para que o homem esteja acompanhado de si próprio é exatamente a solidão. Solidão no sentido de você avaliar o seu dia, a sua vida, buscar as respostas dentro de si mesmo para a sua motivação, para os seu direcionamento, quais são os seus princípios, o porque de você está fazendo as coisas. O homem que convive saudavelmente consigo mesmo normalmente ele não sofre de isolamento.


            Nós vivemos em uma sociedade que os apelos externos são muito grandes, vivemos virados para as circunstâncias para o barulho do mundo e fugimos de nós mesmos, talvez pelo medo do que iremos encontrar se nos virarmos para dentro. A vida assim como a natureza tem fases de recolhimento e expansão, necessitamos de períodos que nos façam refletir sobre nossas raízes. Tenho a impressão que na nossa sociedade contemporânea com todo o aparato tecnológico ao nosso alcance o ser humano conhece muito sobre as coisas e pouco sobre si mesmo.



            A grande saída para essa sociedade de “N” estímulos é você buscar aquilo que você não é, ou seja, sua individualidade. Solidão é a possibilidade do costume a reflexão, de um encontro marcado com a própria alma. Com a reflexão abrimos a possibilidade de perceber que o outro é como nós um ser humano que necessita de preenchimentos, vivemos no mesmo drama humano, estamos todos juntos.