quarta-feira, 11 de julho de 2012

BELLE ÉPOQUE À BRASILEIRA.





         A Belle Époque é conhecida como um momento de trajetória na história francesa, no Brasil surgiu com a República e foi sendo rompido após o movimento modernista dos anos 1920 e 1930. Foi um momento de florescimento do belo de avanço e de paz, nesse período, o Brasil avançou nas relações com a França. É o momento que surgem novas descobertas e tecnologias e o cenário cultural fervilha. Paris é o centro da cultura mundial com seus cafés concertos, balés, operas, livrarias, teatros e alta costura. No Brasil uma publicação de circulou de 1907 a 1945 expressava esse momento, notadamente à sociedade carioca. Tinha o nome de FON FON, como alusão as buzinas dos automóveis considerados meios de transporte muito modernos para a época.


A revista se apresentava como “semanário alegre, politico, critico e esfusiante, noticiario avariado, telegraphia sem arame, chronica epidemica”. A publicação apresentava em primeira mão as últimas novidades de Paris, enfocava sobretudo a moda, os estilos e a mudança de vida da burguesia carioca. Por suas páginas desfilavam os tipos da cidade, damas, políticos, filhas de políticos e rapazes da “alta sociedade”, assim como todo tipo de esnobismo. Tinha preocupação também em elucidar fatos políticos da época e nas primeiras páginas trazia “vultos” do cenário político internacional como, por exemplo, representantes da decadente nobreza europeia.


O Rio de Janeiro era o cartão postal da República, e a sociedade adotou o estilo de vida da Belle Époque, o importante era se comportar como um aristocrata europeu. No periódico as propagandas foram o que mais me chamaram à atenção e mostram que o carioca deveria vestir-se como aristocratas e dândis e consumir mercadorias de luxo. Na edição de fevereiro de 1910 a joalheria Esmeralda, anuncia a venda de joias brilhantes e relógios a preços pela metade. Na edição de 03 de fevereiro de 1920 anuncia que um Chevrolet pode ser um amigo excelente pronto a prestar os seu uteis serviços, com conforto, satisfação e economia.



A jovem mulher da Belle Époque deveria ser bem educada e seguir as idiossincrasias de falar corretamente a língua francesa, possuir gosto para a limpeza e o autocuidado além de saber falar tão bem que num grupo todos deveriam parar para ouvi-la. Andar na moda era usar os grandes chapéus cloche e os homens importar suas camisas direto de Paris. A euforia dos novos tempos também chegou à mesa pratos como Virado de Feijão com Ovos e Linguiça viraram Méro sauce d’Artagnan ou Riz au Four à la Kyrial, era uma forma de tornar elegante a apresentação do prato.



Hoje ao ler os exemplares do periódico percebo a necessidade que o novo regime político tinha de parecer moderno, era preciso banir tudo o que fosse alusivo ao antigo regime, e para isso não bastava às reformas urbanísticas do prefeito Pereira Passos, era preciso mudar o estilo de vida, haveria a necessidade da construção do consumo do supérfluo. Os prestígios da cultura da época, do povo francês fariam do Rio de janeiro, capital da República um lugar moderno. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

QUANDO VI TEMPOS MODERNOS DO CHAPLIN





            Tinha 18 anos quando vi o filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, estava cursando a disciplina de Sociologia I com a Doutora Conceição Maciel na Faculdade de Serviço Social, de imediato o filme não me causou tanto impacto, mas, como tive que revê-lo causou em mim impressões que carregarei por muito tempo, na condução de minha vida profissional. A imagem do vagabundo mostra a substituição do artesão pelo operário. O trabalho que o operário realiza o leva a um processo de alienação e de adoecimento com um colapso nervoso, no repetitivo processo de produção da linha de montagem. O vagabundo entra numa série de acontecimentos, sendo confundido com grevistas, comunista e louco, até encontrar uma órfã que passa a ser sua amiga e lutar com ele para sobreviver dentro do sistema capitalista.


O filme é mais do que arte puríssima é antes uma avaliação apurada da sociedade da época.  Após a crise de 1929, a produção industrial norte-americana reduziu-se pela metade, em 1933 o país contava com 17 milhões de desempregados, o Presidente Rossevelt, anunciou o New Deal que visava recuperar a economia. De 1934 a 1940 foi o período de crescimento do movimento operário, pressionado pelos movimentos grevistas o Congresso aprovou o direito de associação dos trabalhadores e Acordos Coletivos com os empresários.


Chaplin mostra toda a tipicidade da sociedade industrial do início do século XX nos EUA, uma sociedade mecanizada e voltada exclusivamente para o lucro. Com a adoção das práticas fordistas e tayloristas o trabalhador passa a deixar de ter qualquer influência na produção e o seu trabalho a ser mecanizado, para ser operário não precisava de especialização somente repetir o movimento das máquinas.



            Para mim a maior mensagem do filme é a relação homem-máquina, é a apropriação do tempo pelo sistema capitalista de produção. Máquinas são tão indispensáveis à produção que o homem passa a se confundir com elas. A cena que melhor retrata isso é quando Carlitos fica preso entre as imensas engrenagens de uma máquina, se confundindo e não podendo mais ser separados. A inadequação de Carlitos ao trabalho alienado perpassa todo o filme.


No fim do filme quando sua companheira, indignada com a situação de perseguição, miséria e desemprego pergunta: para que tudo isso? Ele responde: levante a cabeça nunca abandone a luta. Mas a reação deles não é o enfrentamento do capital mais se direcionar em relação ao campo. Em 1936 ano do filme, e do advento do cinema falado o personagem Carlitos se despede, são os chamados Tempos Modernos. 


segunda-feira, 9 de julho de 2012

A EVOLUÇÃO DA COZINHA BRASILEIRA.



Hoje abrimos a geladeira e encontramos alimentos já previamente processados e cortados, o uso do gás e do micro-ondas deixa as refeições prontas em poucos minutos. Vamos pensar no preparo das refeições há mais ou menos 400 anos atrás. A cozinheira tinha que correr atrás da galinha que ficava no terreiro, depois tinha que matar; depenar e limpar as vísceras. Depois tinha que acender a fogueira, se agachar e começar a preparar o alimento do fundo do quintal. Assim é que funcionavam as primeiras cozinhas brasileiras.

            Os hábitos trazidos pelos portugueses, como utensílios para o preparo dos alimentos e a instalação da chaminé, foram sendo abandonados e o jeito indígena de cozinhar foi sendo aos poucos incorporado. A índia foi à primeira empregada doméstica brasileira, numa época de carência de mulheres brancas, e sempre que ela podia resistia aos costumes do colonizador e impunha o seu. Para cozinhar usar a trempe, três pedras colocadas diretamente sobre o chão. Para assar usavam o jirau. Segundo Câmara Cascudo, em História da Alimentação no Brasil, os indígenas e escravos incorporaram o design português e passaram a esculpir os utensílios de argila no formato de potes, panelas e moringas trazidas pelo colonizador.


            Após séculos de mesmice, a cozinha experimentou um salto de desenvolvimento na segunda metade do século XIX. E começou a se parecer, com o ambiente que conhecemos hoje. As inovações da Revolução Industrial, financiadas pelo dinheiro do café, da borracha e do açúcar, facilitaram a vida e mudaram a rotina dos cozinheiros. As donas de casa continuavam longe do fogão, a área de serviço permanecia para as serviçais no fundo do quintal. Com a construção da rede de abastecimento de água em 1876, acabou de vez a obrigação de buscar água no chafariz e não havia mais desculpas para sujeira. O gás chegou às cozinhas em 1901, com fogões importados. Até o século XVIII comer com a mão era uma prática aceitável socialmente e o uso do garfo e faca só “pegou” em meados do século XIX.


            A popularização da eletricidade, nos primórdios do século XX, transformou radicalmente a cozinha. Em poucos anos, um arsenal de eletrodomésticos chegou ao Brasil, fazendo com que o ambiente de serviço adquirisse outro status. Nos anos 1950 bonita e bem decorada, a cozinha anexa à copa já era um dos ambientes mais usados pela família. Na década de 1980 ela começou timidamente a se abrir para a sala. Em 2000, escancarada e exibida, ganha nome e sobrenome: cozinha gourmet.  



domingo, 8 de julho de 2012

AS ELEIÇÕES DE OUTUBRO PRÓXIMO E O RITUAL DO BEIJA MÃO



O nosso país adquiriu hábitos e costumes da arcaica corte portuguesa que se encontram arraigados ao imaginário coletivo do nosso povo. Nas monarquias europeias era comum o costume do Beija Mão, onde as pessoas procuravam o Monarca em fila para beijar sua mão, agradar, pedir favores ou simplesmente ficar perto do poder. No Brasil o ritual do Beija mão foi introduzido por Dom João VI e permaneceu até o ultimo Imperador D. Pedro II que o aboliu em 1870, após uma de suas viagens a Europa. Era a oportunidade que os brasileiros tinham de vestir sua melhor roupa, de se sentir mais perto da Monarquia e íntimos de quem mandava.


             Machado de Assis no capítulo “O Imperador” do romance “Dom Casmurro” faz alusão ao ritual, mostrando o grau de intimidade que o brasileiro sempre teve com o poder (...) o imperador entrou em casa de Dona Glória! A nossa família saía a recebê-lo, minha mãe era a primeira que lhe beijava a mão.  Com a introdução da República, o simbolismo da prática permaneceu quem dormiu monarquia acordou republicano desde a infância, o que importava acima de tudo era permanecer nas cercanias do poder e agradando quem lá está.


            Com as eleições de outubro próximo, o ritual do Beija Mão, permanece de forma subjetiva, mais arraigada do que nunca na construção coletiva de quem é partícipe do poder. A imprensa propaga as alianças político partidárias que para o bom senso pareceriam estapafúrdias. Não existem ideologias de nenhuma natureza, o que há são os projetos banais do poder pelo poder. E o povo continua a Beijar a Mão da “Monarquia”, como forma de defender tão somente, os seus interesses pessoais. O público é tão somente uma extensão do privado. 

QUANDO VI O FILME DO KAROL WOITYLLA



            O cinema sempre teve um significado especial para mim, sua simbologia, sua fotografia, suas luzes e estórias, me deslocam da realidade. Em uma das minhas incursões em busca de filmes, deparei-me com o filme: Karol um homem que se tornou papa, e resolvi levar para casa. Grata surpresa a qualidade do filme e tudo que ele transmite provocaram-me uma reflexão sobre a vida.

             Karol, com 18 anos, como outros de sua idade, vive de sonhos e expectativas, com gosto para a arte, é poeta e ator. A vida lhe dá um duro golpe quando os Nazistas da Segunda Guerra Mundial invadem a Polônia, fazendo os moradores escravos e matando os judeus. Wojtyla vê os seus amigos, um a um sendo mortos e seus sonhos se decompõem. No entanto, ele passa a ver que a vida é feita de escolhas, e que cabe a cada um escolher o caminho e a cor que ela vai ter.

            Procura a Igreja Católica e diz que quer seguir a vocação do sacerdócio. Karol mostra que o que possui valor imensurável é que diante da dor e dos abismos que são capazes de imprimir a alma humana, somente com o amor, o perdão e a liberdade existirá a possibilidade da construção de um mundo melhor. Posteriormente a Polônia é invadida pelo regime comunista e o sacerdote Wojtyla enfrenta o regime com coragem capaz de despertar o país da letargia em que vivia e chamar atenção do resto do mundo para os problemas impostos pelo regime totalitário.


            O filme traz uma sucessão de acontecimentos, em que Karol enfrenta com encorajamento as dificuldades pelas quais passa, e conclui com sua eleição a Papa. O que é mostrado acima de tudo é o homem Karol, e a mensagem maior que ficou para mim foi que com fé, esperança, oração e amor é possível vencer qualquer obstáculo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

OS ANOS 1920 E A EMANCIPAÇÃO FEMININA




A primeira Guerra Mundial foi responsável por manter as mulheres como importantes peças capazes de manter a economia girando. A Guerra permitiu que elas tomassem consciência de sua capacidade de substituí-los, foram: enfermeiras, professoras, costureiras e carteiras, assumindo um lugar na agricultura e na indústria principalmente a bélica.

            Na França em 1920 explode o número de divórcios, mais de 40 mil. Em 1922, é lançado o romance La Garçonne (A emancipada), um livro escandaloso para a época, onde a heroína se vinga da traição do namorado, corta os cabelos, passa a trabalhar e experimenta todos os prazeres proibidos indo das drogas ao homossexualismo. No mesmo dia o sufrágio feminino é negado.



             As atletas são as novas heroínas, ocupam espaços onde a coragem, a ousadia, a resistência física e o gosto pela aventura são considerados qualidades inerentemente viris. A moda passa a ser mais fluída livre dos espartilhos. Coco Chanel, Elsa Shiaparelli, Madeleine Vionnet conquistam a alta-costura e, paradoxalmente são elas que quebram os códigos e se aproximam das formas de moda masculina. A mulher podia vestir um smoking, uma gravata borboleta e exibir uma silhueta, sem seios, nem nádegas, nem quadris.


            As mulheres estudam mais, o movimento feminista avança, mas a crise econômica de 1929 as vésperas da Segunda Guerra Mundial, adia as conquistas democráticas femininas. A imagem da garçonne se enfraquece: os saltos ficam mais altos, as saias mais longas, assim como os cabelos. É a vez da mulher fatal.