sexta-feira, 17 de agosto de 2012

COMO CONHECI JULIA CHILD

         

   Essa semana foi o centenário de Julia Child e o Google deixou informações sobre ela em sua página principal. Lembrei-me de como a conheci e senti vontade de escrever sobre ela. Só a conheci ao assistir o filme Julia e Julie, onde são entrelaçadas duas estórias de uma americana na atualidade Julie e Julia a famosa cozinheira da TV americana quando morava na França no período da descoberta de sua vocação por cozinhar. Confesso que fiquei encantada com a atuação de Maryl Streep, que mergulhou profundamente na personagem. 


            Ao fazer sua primeira refeição em solo francês no final dos anos 1940 Júlia quase vai as lágrimas ao provar um linguado com bastante manteiga. Ela e o marido, burocrata de Estado, vão viver na França. Entediada busca uma atividade que possa preencher os seus dias e descobre o fantástico mundo da culinária francesa.



            Encantada pelo sabor da comida francesa ela decide aprender a cozinhar na escola de culinária Le Cordon Bleu. Daí ela resolve escrever um livro em que possa ensinar as americanas como cozinhar as receitas da culinária francesa, leva oito anos para isso. Acredito que o seu desejo íntimo é revolucionar, provocar mudanças no mundo culinário, e conseguiu, com o seu jeito simpático e natural ser um importante nome da área.



            Depois de ver o filme vi uns vídeos da Julia no Youtube e achei seu desempenho fantástico, fico imaginado como ela soube viver bem, e no lindo romance que teve com o marido. O legal da época em que Julia viveu é que não tinha tanta obsessão por uma forma física de uma pré adolescente como o padrão de beleza atual estabelece. O seu livro mostra receitas com dúzias de ovos, muita manteiga e açúcar, algo impensável hoje quando medimos o valor de cada caloria.




            Para mim é uma celebração aos prazeres da vida, pelo menos os gastronômicos, vi que é impossível se cozinhar com liberdade se existe preocupação com a balança. A comida é mostrada de uma forma tão bonita que tive vontade de testar várias receitas, para poder dizer: Bon Apetit.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DEGAS E A VIDA MODERNA



            O século XIX é uma época importante porque considero a base da vida moderna tal qual  a conhecemos. Antecipando a fotografia, vejo a inegável importância de Degas com a pintura da vida moderna. Na década de 1860, novos temas passaram a integrar o inventário quase secular da iconografia acadêmica. A mitologia burguesa se sobrepõe aos heróis do Olimpo e do Sinai. A modernidade dos temas disseminou abordagens e modalidades inéditas de olhares.


            Degas foi sem dúvida um dos artistas mais inovadores e originais do século XIX. O seu olhar extraordinariamente agudo permitiu-lhe entrar no coração da vida parisiense moderna- o café concerto, as corridas de cavalo, a vida nos bastidores do teatro Ópera- com uma rapidez e uma liberdade de aproximação sem precedentes.


            A dança tema característico de toda a sua produção apresenta jovens dançarinas que modelam um corpo ainda juvenil, exibido bem além dos limites fixados pela rigorosa moral burguesa da época. Ele via na dança- nos movimentos, na leveza e na graça das dançarinas, uma sobrevivência do espírito da Grécia Antiga.



            Para mim a obra Em um Café (O Absinto) é o grande ícone da vida moderna. É uma cena diante de um copo de absinto, é como se as duas figuras vivessem alheias ao que o mundo estava vivendo com o frenesi da modernidade. A cena é ambientada no Café de la Nouvelle-Athènes, da praça Pigalle, antigo ponto de encontro dos grupos hostis ao imperador Napoleão III. Degas registra fielmente o lugar, das mesinhas de mármore ao biombo que separava o terraço. Nesse registro fiel vejo a antecipação da fotografia.


            Degas também foi escultor. O que chama atenção é uma bailarina esculpida com cera, com peruca, gaze, sapatilha e bandana de seda entre os cabelos. A figura de 14 anos exibe a fisionomia animalesca, que, aos espectadores da época, sugeria uma clara procedência social e promessas morais. Mostra inquietude com a civilização moderna, reedição contemporânea das esculturas antigas, a pequena bailarina representa representação única na escultura oitocentista.


            Um fato interessante é que Degas não teve alunos; talvez a sua originalidade fosse tanta que outros artistas só conseguiram colher a sua herança aos poucos, mas foi, porém o inspirador de vários deles e em geral sua inspiração sempre foi benéfica. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O LUXO AGORA É PARA TODOS



            Ontem fui almoçar no restaurante chinês da minha Cidade, dizem que se mede o tamanho da cidade quando os chineses chegam para montar seus empreendimentos. Por ser domingo tinha várias famílias que pareciam ter vindo de bairros nas proximidades do Centro da Cidade local, onde fica o restaurante. Percebi um fato curioso muitas mulheres usavam bolsas com monogramas da marca Louis Vuitton. Finalmente o poder e ascensão social vendido pelo mercado de luxo é uma necessidade de todos.



            A marca Louis Vuitton surgiu na França no fim do século XIX, uma época de prosperidades, hotéis e lojas de luxo atendiam às necessidades ampliadas dos moradores que tinham dinheiro. Eugéne a imperatriz, foi uma das primeiras clientes do maleiro, e lhe deu o status de fornecedor preferido de Sua Majestade Imperial. Quando a Imperatriz chegou à Inglaterra causou novidade e cobiça com a suas malas feitas sob medida para suas necessidades.



            As malas de viagem usadas até então, eram feitas de madeira e geralmente cobertas com pele de leitoa, e empilhadas de qualquer forma chegavam ao destino sujas e desgastadas. Um embrião da classe média surgiu e essa nova classe viajava cada vez menos de carro ou a cavalo. Embarcavam de trens barcos a vapor e transatlânticos, rumo a destinos como Estados Unidos, África e Ásia. As malas Louis Vuitton eram o protótipo da modernidade que combinava com esse momento.


            Um fato curioso é que o aumento do sucesso da marca foi proporcional ao número de imitações. O desejo de possuir produtos que eram feitos para a nobreza e classes abastadas se disseminou rapidamente. A marca chegou aos Estados Unidos e ao resto do mundo. E com as divulgações maciças da mídia, o uso pelas celebridades, a nova nobreza no inconsciente coletivo e o desejo de todos chegarem a esse estilo de vida, de luxo e riqueza, é cada um pode ter sua Louis Vuitton, não importa a procedência, mas o prazer inconsciente que a marca vende.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A VIDA DA ESTRELA




            Esse espaço que uso no mundo virtual para escrever me remete ao que de melhor tenho lido, visto, discutido e apreendido nesses últimos anos. Quando estava concluindo a faculdade de Serviço Social um amigo me apresentou um livro, pequeno, mas de uma profundidade imensurável, trata-se da Hora da Estrela de Clarice Lispector. O livro é centrado em forma de narração, feita por uma figura masculina, na verdade, o álter ego de Clarice. Publicado pouco antes da autora falecer é feita uma descrição objetiva da vida e contestado uma série de  elementos, o que leva em ultima instancia a contestação do sentido da literatura e da própria vida.


            Macabéa a nordestina, assim como Clarice que viveu a infância no Nordeste, é a protagonista, trata-se de uma medíocre imigrante de 19 que vive no Rio de Janeiro. Apaixona-se também por um nordestino Olímpico de Jesus e juntos vão dividir suas solidões e mediocridades. O livro é dinâmico e brutal o que faz ser lido apressadamente pela maioria das pessoas. Os personagens que desfilam em suas páginas, são feios, miseráveis, são seres totalmente dispensáveis na engrenagem da sociedade em que vivemos onde as pessoas são medidas pelas coisas que possuem.



             A personagem de Macabéa me causou uma profunda reflexão, pelo seu lamentável passado e seu futuro sem esperanças. Ela é descrita como alguém que vive sem ter consciência de si mesma. O clímax da obra é o encontro da protagonista com a cartomante que se compadece da sua insignificância e inventa para ela um futuro melhor do que qualquer outro que ela poderia ter.


            Vi em Macabéa um grito da autora para questionar, o que é realmente existir? Até que ponto somos imprescindíveis para a sociedade, para o mundo e para nós mesmos. Quando Macabéa se olha diante do espelho é a primeira vez que ela realmente se enxerga. Imagino quando passamos realmente a nos enxergar, a aceitar a nossa real condição na vida e no mundo. Acredito que a partir do momento em que tomamos consciência de quem realmente somos, conseguimos conviver melhor com a nossa solidão, e não exigir de nós mais do que aquilo que somos capazes de dá e de oferecer.
Fotografia de stock: Woman looking up

            Com Macabéa fui iniciada na obra de Clarice, do fim para o começo, e percebi que realmente a vida é um grande luxo e que viver é o maior privilégio que desfrutamos na nossa existência. Mas para enfrentar a dureza da vida é preciso sonhar e acreditar: ela acredita em anjo e, porque acreditava, eles existiam. 

Fotografia de stock: Woman with angel wings

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PLATÃO E A BELEZA



            É sempre bom rever e reler as ideias de Platão sobre o mundo, ontem dei aula de Ética e inevitavelmente entrei em campos próprios da filosofia. Na discussão falamos sobre a ideia do bom associado à beleza o que me remeteu a Platão, quando este acredita que o mundo que parecemos observar a nossa volta é uma ilusão. Suponha que observemos várias coisas belas: um pôr-do-sol, uma flor, uma pintura etc. elas diferem de muitas maneiras obvias. Ainda assim, supomos que têm algo em comum: são todas belas.


            Para Platão esse algo é uma entidade a ideia de beleza. Nenhuma coisa particular jamais é perfeitamente bela; poderia ser um pouco mais bela do que realmente é. A ideia de beleza, por outro lado, a própria beleza, é perfeitamente bela.


            As ideias são eternas; belos particulares vão e vêm. A bela flor desabrocha, mas depois murcha e morre. A própria beleza, em contraposição, nem passa a existir nem deixa de ser.


            As ideias para Platão são imutáveis. Nosso juízo sobre o que é belo muda com o tempo. As modas vão e vêm. Mas a ideia de beleza, a própria beleza não se altera. Assim, a beleza é uma entidade que existe além das coisas particularmente belas. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A CONTRIBUIÇÃO DE PITÁGORAS




            O nosso pensamento racionalista cunhado a partir do Iluminismo do século XVIII, estabelece que só pode ser comprovado aquilo que possa ser mensurado. E essa mensuração só existe através dos números. Pitágoras filosofo grego que viveu de 570-496 a. C. entendia que a matemática era o meio de descobrir verdades sobre o mundo de outro modo impenetráveis.


            Foi dele a ideia de tratar os números como formas tal como aparece até hoje, por exemplo, nos dados. Seu fascínio pela matemática baseava-se na natureza atemporal e universal de suas descobertas. Diferente das verdades sobre o mundo físico, as verdades matemáticas são eternas. Os objetos matemáticos apreendidos pela mente seriam superiores a descrição que temos deles. O mais legal de tudo isso e que para mim causam um fascínio indescritível é o fato dos intervalos de uma escala musical serem razões aritméticas exatas.


            O seu pensamento é tão importante para nós que temos a ideia de que o universo pode ser explicado matematicamente. É sua também a nossa herança de que a matemática é o paradigma genuíno para o conhecimento intelectual, e para o desenvolvimento da ciência tal qual a conhecemos.