domingo, 27 de outubro de 2013

A VIDA COMO ELA É DE NELSON RODRIGUES





            Conheci Nelson Rodrigues através da série televisiva, que passava no Fantástico da TV Globo, depois tive a oportunidade de ler o livro. A Vida como ela é. A obra foi produzida no jornal Última Hora de Samuel Wainer de 1951 a 1961. São histórias que se tornaram populares, pela linguagem objetiva, fácil acesso e gírias faladas na época. Considero as histórias como atemporais, pois causam familiaridade e estranheza, característica das transgressões morais rodriguianas. Rodrigues soube combinar o lado obscuro da vida, o lado trágico da existência, com o cômico de forma extraordinária, provocando impacto nas massas.


            O que me fascina em sua obra é o que sua arte provoca, um estranhamento que vai do asco a compaixão. A Vida como Ela É reflete diretamente a atualidade de seu tempo, pois reflete uma sociedade com desgaste e com novos paradigmas para as relações familiares e amorosas, na época foi um choque, mas revela as mazelas da sociedade contemporânea, daí resulta seu caráter atemporal.


            Acho que rotular a obra rodriguiana de somente transgressora ou machista é ser reducionista, uma vez que ele desmonta clichês e desnuda as máscaras sociais. A obra retrata um período conhecido como anos dourados, aqueles imediatamente posteriores a II Guerra Mundial, que trouxeram progresso científico, tecnológico, econômico e cultural. A Capital Federal era o Rio de Janeiro, cenário das narrativas de Nelson Rodrigues, contribuíndo para a construção de um imaginário do povo carioca.


            Vejo como ele foi ousado para os anos 1950 do século XX, seus temas giravam em torno do amor, sexo e adultério. Questionado sobre o porquê de sua obra tratar sobre sexo, Nelson Rodrigues respondeu ironicamente afirmando: “[...] ‘isso’ é amor. Há nesta pergunta um fundo de indignação que eu não devia compreender e que talvez não compreenda mesmo. Afinal de contas, por que o assunto amoroso produz esta náusea incoercível?” (RODRIGUES, 1949: 20). A vida como ela é ... chegou ao final, em 1961, e, segundo Ruy Castro (1992), Nelson Rodrigues criou cerca de duas mil histórias.

Em tempos de permissividade vale a pena reler ou conhecer Nelson Rodrigues que teve a ousadia de enfrentar uma sociedade pudica, construída em comportamentos sócio moralizantes. Era uma sociedade em que poucos tinham carros e se andavam de bondes e ônibus, casais viviam com primos sobre o mesmo teto. Uma cidade que não tinha móteis e os encontros aconteciam em apartamentos emprestados por amigos, e a ameaça do pecado poderia se tornar uma obsessão. A vida sexual para se realizar exigia o vestido de noiva, a noite de núpcias e a lua de mel, assim era o mundo de Nelson Rodrigues.  

sábado, 26 de outubro de 2013

OS CELÉBRES PRATOS DA CULINÁRIA FRANCESA





Além de bela arquitetura e paisagem a França também  é conhecida pela comida típica, que mistura queijos, vinhos e temperos. Com grande variedade de pratos de acordo com as regiões. Experimentar uma comida francesa é considerado pelos críticos como um refinamento das habilidades na cozinha. A gastronomia francesa é tão importante que entrou para o patrimônio imaterial da humanidade reconhecida pela Unesco.


A clássica cozinha francesa inclui pratos baseados em molhos, levam queijo na maior parte das receitas. Dentre os alimentos vegetais usam-se alho-poró, berinjela, batata, cebola e abobrinha. O povo consome muita carne as mais comuns são: coelho, porco, carneiro, galinha, sapo, cordeiro, peru e pombo. Os vinhos são consumidos como água e uma refeição sem eles, é uma refeição incompleta.


Os principais pratos da culinária francesa considerados pela tradição e pela crítica gastronômica são:


Escargot- prato de caracóis cozidos e servidos como aperitivos.


Foi gras- fígado de ganso especialmente engordados para esse fim, seu sabor é descrito como rico, amanteigado e delicado. É servido como mousse e também como acompanhante de carnes.


Quiche lorraine- dourada no forno e servida quente na companhia de uma salada. O seu sucesso se deve as possibilidades de variações pode ser acompanhada com queijos, legumes e pestos. Vai bem com vinhos brancos.


Sopa de cebolas- prato parisiense por excelência, acredita-se que nasceu em Lyon, no sudeste do país. Sua versão gratinada é parisiense, na Cidade é servida em cardápios de bistrôs populares a refinados restaurantes.


Coq au vin- é um prato feito a base da carne de galo e vinho. O tipo de vinho varia de região para região, pode ser tinto, branco ou até champanhe.




Pães e queijos- os pães franceses são feitos de forma artesanal com miolo fino e macio, tendo como ícone a baguete. Os queijos mais famosos são: o camembert da Normandia, queijo de cabra, roquefort, brie de meaux, beaufort e salers.


Crepe suzette- Exuberante sobremesa com aroma de aristocracia feita de crêpes, manteiga, torrões de açúcar, suco de laranja e muito alcool.


Crème brullé- leite queimado em francês é feita com leite, ovos, açucar e baunilha. Com uma crosta de açucar queimado por um maçarico a uma bebida alcoolica que se deita sobre o creme.


Macaron- é um pequena bolo de aproximadamente 5 centímetros de diâmetro, são coloridos macios por fora e crocantes por dentro. Preparados com farinha de amêndoa e recheados com os mais diversos sabores. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AS 10 CENAS INESQUECÍVEIS DO CINEMA





            Nunca fui muito adepta a listas, primeiro porque não as considero fechadas, nem como realmente sendo as melhores, depois porque sempre considerei, que o que a lista trazia era apenas a opinião pessoal de quem escreve. Sou daquelas que dá tudo por um filme antigo, para mim filme antigo, mas do que recriar um momento histórico é uma viagem ao passado onde me conecto com a época, seus hábitos e costumes, os filmes que eu apresento aqui não tem menos de quarenta anos, e muito já foi dito sobre eles. A ordem que construo nesse post é do impacto que esses filmes provocaram em minhas observações visuais e estilísticas. Reitero  que essa lista não está fechada nem tem a pretensão de ser a expressão da verdade, é somente minhas impressões pessoais. 


1-Breakfast and Tiffany (1961)- a cena que considero memorável é a de entrada quando Audrey Hepburn desce do taxi numa Nova York que ainda acorda, ao som da memorável moon river. Audrey (Holly) apresenta uma composição entre inocência e futilidade, quando toma seus cafés da manhã em frente à joalheria Tiffany para esquecer dos problemas e de buscar um mundo que não é seu mas que gostaria que fosse.



         2- Cinderela em Paris (1957)-  esse filme tem uma aura tão mágica que passei dias com as cenas na cabeça, Paris, a Cidade luz, brilha ainda mais nesse show, protagonizado por Audrey Hepburn e Fred Astaire, eles brilham e encantam, cantando e dançando em locações externas em plena Paris. Trata da transformação da personagem de Hepburn de uma balconista de loja em uma top model, fotografada e apaixonada por Astaire, que aceita o trabalho pelo prazer de conhecer Paris. Fanny face, é daqueles filmes que o tempo passa, mas o encanto permanece.


            3- Dow Argentine Way (1940)- primeiro o que me seduziu no filme foi a película em Tecnicolor, e o clima da política de “boa vizinhança, dos americanos com a América do Sul em plena Segunda Guerra Mundial, o roteiro é bem típico da época, uma americana que passa férias na Argentina e se apaixona por um rico proprietário de cavalos de corridas. Mas quem realmente rouba a cena é a Carmen Miranda, que sem falas nem maiores atuações, deixa a Fox impressionada com sua nova aquisição, sua estreia no cinema americano, não poderia ser mais autentica, quando se apresenta no Clube Noturno como ela mesma, cantando e dançando a memorável canção Mamãe eu quero de Jararaca.


            4- Casa Blanca (1942)- os americanos conheciam muito pouco o Marrocos, quando filmaram Casa Blanca, o que marca é o clima de Guerra que o mundo vivia, e fora o triângulo amoroso, a cena mais memorável que considero é a Marselha, cantada no clube noturno, como símbolo da resistência a invasão alemã. Merece destaque a performance carismática de Bogart e Bergman, o dilema de Bogart é ficar entre o amor e fazer a coisa certa, deixar Ilsa escapar com o marido. O filme retrata como ninguém, o clima de medo, suspensão de direitos e insegurança que se vivia durante a Segunda Guerra Mundial.


            5- Crepúsculo dos Deuses (1950)- o filme já começa incomum, com um escritor narrando os acontecimentos que o levaram a morte.  Fugindo de cobradores Joe se vê em uma antiga mansão de Hollywood, onde ele começa uma relação com a sua proprietária a antiga atriz de cinema mudo Norma Desmond (Glória Swanson). O interessante é como Hollywood se debruça sobre si própria, avaliando seus próprios fantasmas. Norma rouba a cena o filme inteiro com sua grandeza de atuação e expressões faciais típicas do Cinema Mudo. A atriz esquecida, pelo cinema com som se torna imortal na cena em que diz a icônica frase: eu sou grande, os filmes é que ficaram pequenos.


            6- Luzes da Cidade (1931)- a beleza desse filme é tão grande que é quase impossível vê-lo e não se deixar encantar, pela maestria de Chaplin, a mensagem do filme e a época em que ele se passa. O filme mostra que se vê mais com o coração do que com os olhos. A florista cega, ajudada pelo vagabundo, ao reconquistar a visão consegue reconhece-lo pelo toque da mão. A mensagem que se passa é que o amor começa na essência, indo além da aparência. 


            7- La dolce Vita (1960)- o que dizer de Felini, com a memorável cena de Anita Ekberg tomando banho na Fonte de Trevi em plena Roma e Marcelo Mastroianni, tentando achar leite para um gatinho que ele tinha encontrado na rua. A cena mais interessante é o fascínio de Mastroianni diante do banho de Ekberg. No desenrolar do filme percebe-se claramente a representação da decadência moral, a falsa moral e a preocupação com o rumo que a sociedade irá tomar dentro de um vazio existencial, político e ideológico que chega aos dias de hoje. 


            8- Cantando na Chuva (1952)- É daqueles filmes tão agradáveis que basta vê-lo para se esquecer os problemas e imaginar a vida colorida e musical. Gene Kelly cantando e dançando na chuva é a cena clássica e por excelência tem a cara do filme. Trata-se de uma sátira ao período de transição entre o cinema mudo e o falado, o que me fascina é uma alegria, infantil e até mesmo boba, mas deveras autêntica. E a famosa cena de Kelly, dançando e cantando na chuva ficará para sempre na cabeça de qualquer cinéfilo faça sol ou chuva.


            9- Laranja Mecânica (1971)- trata-se daqueles filmes que provocam profundas reflexões. Numa Londres do futuro, jovens violentos matam, estupram e roubam. Alex, o protagonista, vira cobaia de experimentos capazes de frear os impulsos violentos do ser humano, na volta do tratamento este não consegue conviver com a violência nem para se defender. A cena emblemática é a da manipulação do globo ocular no tratamento de Alex. Kubrick desnuda as falidas instituições da família, da política, da ciência, e do próprio homem, mostrando prazeres passageiros que levam a desconstrução do próprio eu.


10- E o Vento Levou (1939)- lembro que quando vi o filme pela primeira vez era criança e fiquei cansada, mas impressionada pela magistral reconstrução de uma época. Vivien Leigh e Clark Gable protagonizam uma grande história de amor e luta. Leight é o que o filme tem de melhor com sua atuação que se mantém atual e apaixonante, considero que o filme foi ousado para época em apostar numa mocinha corajosa e obstinada. Vejo o filme muito mais que um épico, mas um filme sobre determinação e sobrevivência, encarnado na figura da terra. A minha cena memorável é a de Scarlet sendo cuidada pela escrava.  Trata-se de um filme suntuoso, fascinante, inesquecível.