quinta-feira, 10 de julho de 2014

TOM JOBIM O MAESTRO DO SAMBA



            A arte do Brasil por excelência é a música popular. Este é o país de Noel Rosa, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Chico Buarque. Tom Jobim é o maior compositor popular num país de compositores populares. Tom Jobim é o grande artista brasileiro é o nosso Beethoven. Ele era um virtuose da composição, um mestre em dizer coisas usando as diferentes formas de canção. Para falar do doce balanço a caminho do mar, compôs um samba com batida igualmente rebolante.


            Muitas de suas canções são verdadeiros mergulhos na tradição da música brasileira. A popular canção Luiza é uma valsa brasileira. Sua habilidade não era fruto de uma intuição prodigiosa como Noel Rosa, mas de muito estudo e disciplina. Tom é um dos poucos compositores brasileiros que escrevia seus próprios arranjos. Suas influências, segundo ele próprio, eram Debussy, Villa Lobos, Stravinsky e Chopin.


            Ele começou sua carreira ja pronto, aos 29 anos para fazer a trilha do musical Orfeu, em cima de versos de Vinícius de Moraes. Tom Jobim é o autor das músicas de 30 acordes e dezenas de dissonâncias que todo o mundo assobia. Tom mostrou ao mundo um Brasil elegante, o país continuava a ser uma praia latina, mas essa praia tinha o charme das canções suaves, em lugar dos sambas rasgados ou boleros derramados.


            O Tom que renovou a música popular incorporando elementos da música erudita se tornou algo próximo de um compositor de música clássica. Chegou mesmo a projetar um concerto para violão. Não concretizou suas intenções nessa área, mas também não precisava disso para permanecer. Ele fica na história não como um Beethoven de segunda, mas como um Tom de primeira, o número um na especialidade a que se dedicou: seduzir e fascinar as plateias com excelente música popular, essa arte da banalidade que umas poucas vezes atinge o nível do sublime. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A ESPUMA DOS DIAS COM AUDREY TATOU


A Espuma dos Dias (França 2013) é daquelas surpresas boas provando que é possível a produção de bons filmes num mundo em grande parte mercadológico. O filme baseia-se em importante obra homônima da literatura francesa de Boris Vian escrita no final da década de 1940. Estrelado por Audrey Tatou que dispensa apresentação. Colin (Romain Duris) é um homem rico que não trabalha, passa o tempo envolvido em invenções futurísticas como um piano que produz bebida de acordo com notas musicais, mesas girantes, sapatos que possuem vontade própria e um rato que se comporta como ser humano.


Colin recebe a visita de um amigo (Chick), que costuma gastar todo o seu dinheiro em livros mas, se relaciona com uma mulher. Assim, ele decide fazer o mesmo e conhece Chloe (Audrey Tatou) uma bela e encantadora moça eles se apaixonam e se casam. A felicidade do casal é interrompida quando Chloe se descobre doente de uma doença rara nos pulmões, Colin abandona a seu estilo de vida e passa a trabalhar em atividades difíceis para custear o tratamento de Chloe que não obtém nenhuma melhora.


Desde a primeira cena percebi que estava diante de algo inovador, diferente de tudo que eu tinha costumado ver desde O Cão Andaluz de Buñuel. O filme nos apresenta um mundo ilógico. Pessoas que voam, casam que diminuem, comidas com vontade própria, carros transparentes e em formato de nuvens. Procurei metáforas e sentidos para o que o filme apresenta e senti que assim como a lógica da vida talvez a graça esteja em não ter muito sentido. Mergulhei numa fuga de conceitos e paradigmas pré determinados, nesse sentido o filme já vale muito a pena de ser visto.


Gosto da terminação de Colin em acreditar de forma obstinada que as coisas podem melhorar, se negando as suas incapacidades e acreditando que a mulher amada poderá ficar boa. A fotografia do filme é impecável, no início os cenários são coloridos e fantasiosos, a medida que a história evolui vão se tornando esmaecidos até o ponto do filme ser terminado em preto e branco.



A Espuma dos Dias é daqueles filmes que ou se ama ou se odeia, isso pode ser justificado pelo nível de exageros a que propõem. Para mim faltou alma e uma certa dose de doçura. Em alguns momentos me senti em uma fantástica fábrica de brinquedos. Mas o filme é bom, encantador, inovador. Procura romper nossas visões pré-concebidas. Acho que o casal romântico deveria ter sido mais explorado, mas, mesmo assim gostei, não superou minhas expectativas, mas recomendo.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A FILOSOFIA DO CASAMENTO


            Com tantas maneiras de se relacionar nos dias de hoje o casamento parece um assunto fora de moda, então por que as pessoas continuam a se casar? Dentro das histórias de vida de cada um todo ser humano constrói o seu personagem, isso significa que nós escolhemos uma maneira pela qual queremos ser vistos e acolhidos pelo nosso mundo.


            Os personagens é que se casam. Existem personagens generosos, doadores e são esses que permitem que se vejam a pessoa. Existem os personagens dissimuladores que não permitem que se veja a pessoa, quanto mais dissimuladores mas impraticável se torna o casamento. Dentro do personagem que mostramos ao mundo habita o ser misterioso que é a pessoa que nós somos.


            Jamais o outro vai conhecer o companheiro em sua totalidade assim como eu não me conheço completamente porque se eu me conhecer completamente eu não preciso mais viver. Se eu conhecer o outro completamente não terei mais expectativas em relação a ele. A vida é feita da dinâmica das angústias. Nenhuma união se sustenta voltada somente para atender os nossos interesses pessoais, porque união é dialogia de vida. União é a iluminação do encontro pessoal que é algo que acontece no momento em que os personagens generosamente vão mostrando as pessoas que os involucram.


            O século XIX cunhou uma fórmula de que homem é igual a produção que é igual a dinheiro. Sheller filosofo alemão, chamou essa fórmula do desastre antropológico que nos veio do século XIX. Por isso que na nossa sociedade de consumo as coisas valem cada vez mais e as pessoas cada vez menos. O desvario individualista da sociedade de consumo é o que mais compromete as uniões hoje em dia. Embora a sociedade não sobreviva sem as estruturas familiares que hoje se fundamentam em casamentos formais ou informais.


            Nós, homens e mulheres da contemporaneidade acabamos de uma forma ou de outra reproduzindo um conceito industrial, que é o conceito de produto descartável e isso quando aplicado em nossas relações interpessoais é lamentável. Vemos com muita frequência pessoas usando as outras quando interessa e descartando quando não interessa mais.



            Os personagens aprisionam de tal forma as pessoas que há casamentos que são insustentáveis. É preciso descobrir que vale a pena a inclusão que se faz no território do outro, o descobrimento da mútua imperfeição num casal que se fingia perfeito durante o namoro. O matrimônio é alguma coisa que exige compaixão, compassividade e doação. Compaixão no sentido de sofrer com o outro ao ajuda-lo a superar suas dificuldades, não apenas pelo pragmatismo de uma troca, mas pela alegria de ser alguém que é importante para esse outro. Acredito que a grande política do casamento é que cada um tenha que ceder um pouco para nenhum dos dois ter que ceder tudo.

domingo, 6 de julho de 2014

O MOVIMENTO CULTURAL ROMÂNTICO


            Inicialmente quero começar deixando claro que o Romantismo enquanto movimento cultural surgido na primeira metade do século XIX foi mais uma questão de ponto de vista do que propriamente de características estilísticas definidas. Sua denominação provém de sua sustentação emotiva e intuitiva. O Romantismo se sustentava em filosofias transcendentais de autores como Schelling a partir das críticas de Kant.


            Foi um período em que se viveu um entusiasmo pela Idade Média, com renovada força ao gótico principalmente na arquitetura. Em termos estéticos havia um interesse pela cor com a criação de efeitos vibrantes. A paisagem foi considerada como a forma de arte mais importante. Um dos mais importantes representantes do Romantismo francês foi o pintor Eugene Delacroix, sua obra mostra cenas de paixão, violência e sensualidade, aliadas ao colorido das vestes e paisagens.



            O Romantismo foi revolucionário a intuição como ponto de partida baseado  numa autoconsciência era algo extremamente revolucionário, na medida em que liga o processo do pensamento com a imediatez da sensibilidade. É o movimento que mistura idealidade e materialidade numa nova concepção metafísica. Mesmo não tendo um definição precisa do que seja esteticamente definido como Romantismo trata-se de um dos movimentos mais significativos na história da cultura humana, com rebatimentos artísticos, científicos e filosóficos sólidos e duradouros.